postado em 29/04/2008 18:51
O acúmulo de más notícias derrubou a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo), em um dia mal humor e apreensão generalizados nos mercados financeiros externos. A praça brasileira, que ontem operou em níveis históricos de preços, devolveu boa parte dos ganhos dos últimos dias.
Analistas também lembram a ansiedade dos investidores com a reunião do diretores do Federal Reserve, o banco central dos EUA, para definir a nova taxa básica de juros americana, hoje em 2,25% ao ano. As "apostas" do mercado financeiro se dividem entre um ajuste de 0,25 ponto percentual ou a manutenção. O Ibovespa, indicador que reflete as ações mais negociadas, desvalorizou 2,82%, para os 63.825 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,13 bilhões. Com o resultado de hoje, a Bolsa voltou a acumular queda (0,09%) no acumulado deste ano.
O dólar comercial foi trocado por R$ 1,705 para venda, em alta de 0,94%, no encerramento dos negócios de hoje. A taxa de risco-país atinge 226 pontos, um declínio de 0,44% sobre a pontuação final de ontem.
Na Europa, a desvalorização das ações de mineradoras e bancos arrastaram as principais Bolsas locais, a exemplo de Londres (baixa de 0,02%) e Frankfurt (queda de 0,58%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York sofreu retração de 0,31%.
"Hoje somente teve más notícias. E amanhã o Fed decide a taxa de juros. Provavelmente, ele deve decidir por um novo corte de juros, mas deve avisar que "agora, chega´ [no ciclo de relaxamento das taxas]. É essa questão está dando volatilidade ao mercado hoje", comenta Gustav Penna Gorski, economista-chefe da corretora Geração Futuro.
"Nos próximos dias também há uma série de indicadores importantes, como a taxa de desemprego [dos EUA] na sexta-feira, principalmente, e os números sobre rendimento e pessoal na véspera, o que deixa o mercado mais nervoso", acrescenta.
"O Fed provavelmente vai dar passar algum sinal de que vai adotar uma abordagem do tipo "esperar para ver´. Isto não deve, a propósito, ser confundido com uma atitude de "final de ciclo´", comenta David Rosenberg, economista do banco de investimentos Merrill Lynch.
Entre as principais notícias do dia, a inflação medida pelo IGP-M surpreendeu os analistas do setor financeiro -- a variação de 0,69% em abril ficou acima das expectativas (0,48%) e reforçou as expectativas da corrente de economistas de bancos e corretoras que aposta num novo ciclo de alta da taxa Selic, hoje em 11,75% ao ano. Juros mais altos tendem a esfriar a economia e têm repercussão pouco favorável no mercado acionário.
A gigante americana do financiamento imobiliário Countrywide Financial registrou um prejuízo de US$ 893 milhões no primeiro trimestre, devido a um aumento expressivo nas provisões para cobrir novas perdas com inadimplência. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vários ministros e a direção da Petrobras devem ser reunir hoje para discutir o reajuste no preço dos combustíveis. No encontro, o governo deverá definir os percentuais e a data de reajuste da gasolina e do óleo diesel.