Economia

Fed reduz taxa de juros para 2% ao ano

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postado em 30/04/2008 15:33
O Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA), reduziu nesta quarta-feira (28/04) sua taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para 2% ao ano. Foi o sétimo corte consecutivo da taxa desde setembro do ano passado. A atual série de cortes começou com parte dos esforços do governo americano para tentar evitar que o país caísse em recessão, devido à crise no mercado de hipotecas de risco, deflagrada em agosto do ano passado. Como se viu no resultado do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas por um país) referente ao primeiro trimestre divulgado hoje, a economia ainda não se recuperou do golpe sobre o mercado imobiliário: a expansão da economia americana foi de apenas 0,6% --mesmo percentual visto no último trimestre do ano passado. Ontem, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, afirmou que a economia do país está "muito lenta". O próprio presidente do Fed, Ben Bernanke, admitiu no início deste mês, pela primeira vez, que a economia americana corre o risco de entrar em recessão no primeiro semestre deste ano. "Não parece provável que o PIB cresça muito, se é que cresce, na primeira metade de 2008, e ainda poderia se contrair um pouco", disse Bernanke (uma contração no PIB em dois trimestres seguidos é uma definição consensual de recessão). Ele declarou ao Congresso que uma estabilização do mercado imobiliário poderia ser uma contribuição a uma melhora da economia americana. Os indicadores mais recentes, no entanto, mostram um cenário pouco animador para quem espera ver uma recuperação chegando pelo lado do mercado imobiliário. O índice S/Case-Shiller, divulgado ontem, mostrou que os preços dos imóveis residenciais em 20 regiões metropolitanas dos EUA tiveram queda de 12,7% em fevereiro, na comparação com fevereiro de 2007. A RealtyTrac (empresa que compila dados sobre o setor imobiliário), por sua vez, informou que o número de imóveis residenciais nos EUA em processo de despejo no primeiro trimestre deste ano cresceu 112% na comparação com o primeiro trimestre de 2007. Na semana passada, o Departamento do Comércio informou que as vendas de casas novas caíram 8,5% em março, atingindo 526 mil unidades, menor nível desde outubro de 1991. A NAR (Associação Nacional dos Corretores de Imóveis, na sigla em inglês) também apontou queda de vendas, desta vez de casas usadas: foram vendidas em março 5,03 milhões de unidades (dado anualizado), 2% a menos do que em fevereiro e 19,3% menor do que no mesmo mês de 2007. O presidente do Fed (Federal Reserve, o BC americano), Ben Bernanke, já admitiu que há risco de que a economia dos EUA entre em recessão no primeiro semestre deste ano. "Não parece provável que o PIB cresça muito, se é que cresce, na primeira metade de 2008, e ainda poderia se contrair um pouco", disse, em testemunho em uma audiência no Comitê Econômico conjunto do Congresso. Mercado de trabalho O que começou como uma crise imobiliária e que ficou inicialmente apenas no âmbito financeiro --tendo já causado perdas de bilhões de dólares a baços e empresas de financiamento imobiliário-- vem se aproximando cada vez mais da economia real. O mercado de trabalho vem sofrendo perdas a cada mês desde o início deste ano. Em março foram eliminadas nos EUA 80 mil vagas, marcando o terceiro mês consecutivo de fechamento de postos de trabalho. A taxa de desemprego em março por sua vez foi calculada em 5,1%, contra previsões de 5% (em fevereiro, o governo americano havia reportado taxa de desemprego de 4,8% e o fechamento de 76 mil postos de trabalho). Os números de abril referentes ao mercado de trabalho devem ser divulgados nesta sexta-feira (2). A expectativa é de uma nova queda no número de postos de trabalho no país. As perdas de empregos tiram dos americanos a disposição para gastar, bem como a avaliação da economia em geral. O instituto privado de pesquisa Conference Board informou ontem que o índice de confiança do consumidor americano na economia recuou para 62,3 pontos em abril, contra 65,9 em março (dado revisado). O dado foi o menor desde março de 2003. A inflação também tem efeito sobre a percepção dos consumidores americanos a respeito da economia. O CPI (índice de preços ao consumidor norte-americano) teve alta de 0,3% em março após ter ficado estável em fevereiro. Em 12 meses, o CPI teve variação de 4%. Já o PPI (inflação no atacado) teve alta de 1,1% no mês passado, muito acima do esperado pelos analistas (variação entre 0,4% e 0,6%). A persistência de movimentos ascendentes de preços como esse pode dificultar o já duro trabalho do Fed, de tentar evitar a recessão (baixando os juros para estimular o consumo) e controlar a inflação (o que poderia exigir até mesmo altas de juros, pondo em risco assim as tentativas de estimular o consumo). Pacote No mês passado, Bush afirmou que os estímulos fiscais aprovados por seu governo permitirão que a economia do país retome o vôo apesar dos problemas que enfrenta atualmente. Em fevereiro, Bush sancionou o pacote, que dará cheques de restituição de impostos a milhões de norte-americanos. Mais de 130 milhões de pessoas serão beneficiadas. O pacote prevê uma restituição de US$ 600 para cada contribuinte com renda anual de até US$ 75 mil; e US$ 1.200 para casais com renda até US$ 150 mil, além de US$ 300 adicionais por filho. Quem não não paga imposto de renda, mas recebe o teto de US$ 3 mil anuais, terá direito a cheques de US$ 300. Essa injeção de dinheiro permitirá que os contribuintes e as empresas destinem mais recursos ao consumo e ao investimento, o que por sua vez criará mais empregos. A economia "emergirá mais forte do que nunca" graças a esses reembolsos, afirmou.

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