Economia

Bovespa atinge recorde histórico com classificação da Standard & Poor's

;

postado em 30/04/2008 16:39
O anúncio inesperado do novo rating brasileiro fez a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) disparar e bater recorde nesta quarta-feira, enquanto o dólar comercial despencou para seu menor nível desde 14 de maio de 1999. Analistas avaliam que essa movimento de alta da Bolsa e ajuste do dólar pode continuar no pregão de sexta-feira, que por estar espremido entre o feriado e o final de semana, era considerado um "dia morto" para o mercado financeiro. Em meio à crise americana, com repercussões globais, a agência de classificação do risco Standard & Poor´s, uma das principais, anunciou nesta quarta-feira que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classificação para receber investimentos estrangeiros. A notícia fez a Bolsa subir com força, levando o Ibovespa, o principal índice de ações, a atingir a marca histórica dos 67.868 pontos, um alta de 6,33%. O giro financeiro refletiu bem a euforia dos investidores e foi de R$ 9,70 bilhões, ante uma média diária em torno dos R$ 5 bilhões. "O recado que passou foi o seguinte: "apesar da crise, num ambiente de incertezas gigantescas, o Brasil ainda é um bom porto de investimentos", sintetiza Tomás Goulart, economista do Modal Asset Management. Analistas não consideraram "anormal" a euforia da Bolsa. "Tradicionalmente, nos mercados que recebem essa classificação de "investment grade´, a Bolsa local tende a antecipar a notícia e subir. E o que aconteceu no Brasil foi o contrário: o mercado ficou rateando nos últimos meses (devido à crise nos EUA), e essa antecipação não ocorreu", afirma o economista da Modal. "O mercado reagiu muito normalmente. Com essa notícia, é toda uma fonte de dinheiro que entra no país. há muitos fundos de investimentos internacionais que somente podem aplicar dinheiro em países ou empresas com "grau de investimento´ e que na Bovespa estavam restritos a meia dúzia de papéis, como Petrobras e Vale", afirma Paolo Mason, diretor de varejo da corretora Win --home broker da Alpes Corretora. "Agora, abre-se novas oportunidades de investimentos para esses fundos", acrescenta. Perspectivas Analistas concordam que a notícia sobre o rating vai forçar bancos e corretoras a fazer uma revisão geral de expectativas para os indicadores financeiros. "Nós estávamos projetando o Ibovespa em 85.000 pontos [no final do ano] há algum tempo, mas depois revisamos para 75.000 com a deterioração do cenário. Em nossa próxima revisão de expectativas, provavelmente a estimativa vai ser algo próximo aqueles 85.000", afirma Paolo Mason, da Win. "As previsões mais pessimistas (sobre o dólar) tendem a ser brecadas (com essa notícia do rating). Agora, não acho factível essas apostas que colocavam o dólar a R$ 1,50, justamente porque houve uma deterioração da conta de transações correntes nos últimos meses", pondera Tomás Goulart, da Modal. As transações correntes (conta que mede as principais operações do país com o exterior) registraram déficit de US$ 4,4 bilhões no mês passado, acumulando um resultado negativo de US$ 9,5 bilhões nos últimos 12 meses (0,71% do PIB) e US$ 10,76 bilhões no trimestre. Rating. A Standard & Poor´s, uma das principais agências de classificação do risco do mundo, anunciou que elevou o rating soberano (nota de risco de crédito) do Brasil para grau de investimento, a melhor classificação para receber investimentos estrangeiros. O rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo passou de BB para BBB-. Essa nota "BBB-" já está incluída no grupo de ratings classificado como "grau de investimento". Com o grau de investimento, o mercado brasileiro passa a ser acessível para diversos tipos de investidores estrangeiros --como, por exemplo, os poderosos fundos de pensão americanos. A partir disso, espera-se uma forte especulação nos papéis brasileiros nos próximos dias, como é o caso de hoje. Além do grau de investimento, também ajuda na alta o fato do Federal Reserve, o banco central americano, não surpreender o mercado e ajustar hoje a taxa básica de juros americana para 2% ao ano. Ainda no rol de boas notícias, o governo americano revelou que o PIB (a soma das riquezas do país) cresceu 0,6% no primeiro trimestre, acima das expectativas de bancos e corretoras (0,3%). Apesar de que o número deva sofrer revisões nos próximos meses, o desempenho do PIB americano também contribuiu para melhorar o ambiente de negócios nas horas anteriores ao anúncio do Fed. Empresas. Entre as principais notícias corporativas do dia, a Gol Linhas Aéreas registrou um prejuízo líquido de R$ 74,098 milhões no primeiro trimestre deste ano, contra um lucro de R$ 91,578 milhões no primeiro trimestre do ano passado. A ação preferencial valorizou 1,50%. A operadora de telefonia celular Vivo registrou no primeiro trimestre deste ano um lucro de R$ 89,6 milhões, revertendo o resultado negativo de R$ 19,3 milhões referente ao primeiro trimestre do ano passado. A ação preferencial disparou 9%. A Usiminas reportou lucro líquido de R$ 646 milhões no primeiro trimestre deste ano, um resultado 1% superior ao ganho apurado em idêntico período de 2007. A ação preferencial tem alta de 3,05%. A ação da siderúrgica teve forte valorização de 10,33%.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação