postado em 03/05/2008 10:50
Em uma decisão apertada, e depois de concluídas todas as assembléias estaduais, os auditores-fiscais da Receita Federal decidiram pela manutenção da greve iniciada em março. O anúncio, feito oficialmente ontem, renova as tensões entre a categoria e o governo. Na segunda-feira, as entidades que representam os servidores vão se reunir para marcar novas rodadas de discussões nos estados.
Depois que o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, determinou o corte de ponto dos faltosos, a expectativa era de que a greve perdesse força. Isso não ocorreu. Nem a disposição do governo de parcelar os dias parados amenizou os ânimos. Entre os indicativos com maior número de votos durante as assembléias está justamente o que exige o pagamento integral dos salários de abril. Nos contracheques de cerca de 3,8 mil, no entanto, os descontos foram autorizados.
Em nota divulgada em seu site, o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Unafisco) ressaltou a ;unidade da categoria;. ;Os auditores-fiscais em todo o país, nos mais diversos postos de trabalho, e suas entidades representativas nacionais, têm caminhado juntos, unidos e coesos em busca da conquista das reivindicações apresentadas ao governo, que, até o momento, insiste em não avançar em relação à proposta que apresentou;, destacou a nota.
No que depender do governo, a proposta não será mais alterada. Isso quer dizer que o reajuste de cerca de 40% nos salários iniciais e finais, assim como a divisão até 2010, continuam valendo. Durante a semana, o ministro Paulo Bernardo criticou essa e outras paralisações no setor público e acusou algumas categorias de prejudicarem não o governo, mas a sociedade em geral com as paralisações, segundo ele, injustificáveis. Referindo-se especificamente aos auditores, Bernardo disse que a oferta financeira está no limite.
O ministro do Planejamento afirmou ainda que muito já foi feito para tentar colocar fim ao protesto dos auditores-fiscais, inclusive a retirada do termo de acordo das cláusulas que tratam da nova política de avaliação de desempenho para progressão e promoção na carreira. Diante de tantas negativas, completou Paulo Bernardo, não há muito o que ser feito pelos técnicos do ministério. ;A greve acaba criando um instrumento anti-social. É uma faca no pescoço da sociedade;, criticou o ministro.