Economia

Grau de investimento surpreende bancos centrais estrangeiros

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postado em 04/05/2008 19:18
Basiléia - A nova classificação de risco do Brasil, avaliado desde quarta-feira como grau de investiment" pela agência Standard & Poor's, surpreendeu as autoridades monetárias reunidas na Basiléia, Suíça, para o encontro bimestral do Banco Internacional de Compensações (BIS). A reação, descrita por um presidente de Banco Central, se deu em razão da mudança de status ter ocorrido em meio à instabilidade econômica internacional e às dúvidas quanto ao grau de confiança das agências de classificação, contestadas por sua atuação diante da crise dos subprimes, iniciada em 2007 nos Estados Unidos. As ponderações teriam sido feitas durante reuniões informais de presidentes de BCs, que chegaram à Basiléia entre o sábado e este domingo. O que teria espantado as autoridades monetárias seria o "timing" da decisão da S: um cenário externo hostil, marcado pelo temor de recessão mundial e de inflação. "O clima geral é de reconhecimento pelo trabalho feito pelo Brasil e de certa surpresa pelo fato de a agência ter feito o movimento neste momento de instabilidade", disse a autoridade monetária, que concordou em falar, desde que no anonimato. "A agência assumiu o risco de fazer um upgrade importante em um momento complicado para a economia mundial e para as próprias agências, devido aos ratings dos subprimes. Não se esperava um movimento tão importante." Segundo a mesma fonte, a decisão do Banco Central brasileiro de elevar a taxa básica de juros em 0,5% - para 11,75% ao ano - na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) estaria entre os fatores que teriam levado a S a elevar a classificação do país. "O Brasil tomou medidas contra a inflação no momento em que alguns países estão hesitando. Isso pode ter sido determinante." Convidado a esclarecer a que medidas se referia, a autoridade monetária especificou: elevação da taxa de juros. O rating do Brasil em moeda estrangeira em longo prazo foi elevado pela S de BB para BBB-, com perspectiva "estável" - ou seja, tendência de manutenção nos próximos dois anos. Em nota, a agência havia atribuído a evolução "à maturidade das instituições do Brasil e da política monetária", além de ressaltar a "melhoria das tendências de crescimento" do país. A mudança, que elevou o País ao patamar já alcançado por emergentes como a China, a Índia e a Rússia, havia surpreendido membros da equipe econômica do próprio governo e o mercado financeiro. Diante da crise internacional e de seu risco ainda incerto para países emergentes, a reclassificação era esperada para 2009. A nova nota de risco do Brasil também tende a impulsionar o ingresso de mais capital de longo prazo no país, segundo as autoridades monetárias presentes na Basiléia. A avaliação reafirma a opinião de analistas e as conclusões do Fundo Monetário Internacional (FMI) sobre o tema. Na quinta-feira, o diretor do FMI para o Hemisfério Ocidental, Anop Singh, havia previsto que, com a mudança do rating, recursos estrangeiros ingressariam no Brasil "como nunca". Na prática, a reclassificação permite o ingresso de capitais oriundos de grandes fundos internacionais, só autorizados a investir em mercados com o selo de grau de investimento.

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