postado em 06/05/2008 16:11
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, advertiu nesta terça (6/05) que o WFP (Programa Mundial de Alimentos, na sigla em inglês) da ONU (Organização das Nações Unidas) precisa de "ao menos" US$ 500 milhões adicionais para "atender aos apelos de emergência" diante da alta mundial de preços dos produtos básicos.
Em artigo de opinião publicado hoje no jornal mexicano "Reforma", Zoellick indicou que "Estados Unidos, União Européia, Japão e outros países devem tomar medidas urgentes para suprir esse déficit" do programa de alimentos da ONU. Caso contrário, "muitos outros sofrerão e morrerão de fome", disse Zoellick, que iniciou hoje uma visita de dois dias ao México, de onde, depois, partirá para Colômbia.
No fim do mês passado, secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu à comunidade internacional que doe US$ 2,5 bilhões para enfrentar o problema. Agências da ONU e o Banco Mundial prometeram ainda criar uma força-tarefa contra a atual crise global de alimentos, que já provoca distúrbios em vários países.
Segundo Zoellick, a duplicação do preço dos alimentos durante os últimos três anos "poderia empobrecer ainda mais cerca de 100 milhões de habitantes de países pobres".
Zoellick afirmou, além disso, que a falta de alimentos não será um problema "passageiro", mas se manterá "pelo menos a médio prazo", devido às novas realidades demográficas, à mudança nas dietas da população e do clima, ao preço da energia, aos biocombustíveis.
O presidente do banco afirmou que essa situação afeta principalmente os mais pobres, e lembrou que as famílias de menor renda gastam dois terços de seu salário em alimentação.
Neste sentido, lembrou que a fome e a desnutrição são "as causas implícitas" da morte, a cada ano, de 3,5 milhões de crianças com menos de cinco anos no mundo. Para Zoellick, que esta manhã se reuniu com a secretária de Educação do México, Josefina Vázquez Mota, é necessário "um novo acordo em matéria de política alimentícia mundial".
Esse acordo deve se concentrar na fome, na desnutrição, no acesso e no abastecimento de alimentos, mas também na relação destes temas com a energia, rendimento das colheitas, mudança climática, marginalização da mulher e outros grupos vulneráveis, e o potencial de crescimento econômico na atual conjuntura internacional, disse.
Para ajudar aos países mais pobres, "é melhor o dinheiro ou os bônus que o apoio em produtos básicos, já que assim se poderá criar mercados de alimentos e produção agrícola no âmbito local", disse.
Zoellick ressaltou que o aumento da renda no setor agrícola "tem um poder três vezes maior de vencer a pobreza do que qualquer alta de renda em outros setores da economia", já que 75% dos pobres do mundo vivem em zonas rurais e a maioria trabalha no campo.