postado em 07/05/2008 21:03
Os agricultores argentinos vão paralisar a partir desta quarta-feira (7/05) até o dia 15 de maio a venda de grãos para a exportação, ao reiniciar seus protestos contra a política fiscal do governo, anunciou Mario Llambias, um dos líderes da categoria.
O novo plano de luta, anunciado em entrevista coletiva por Llambias, inclui também uma mobilização de produtores nas estradas, mas sem afetar o abastecimento de alimentos às cidades.
Assim, as entidades deram por encerrada a trégua no conflito com o governo, depois do fracasso das negociações e da recusa do governo em eliminar um programa de aumento de impostos às exportações de grãos, principalmente a soja, o principal produto de exportação.
Milhares de agricultores entraram em greve durante 21 dias em março, cortando o abastecimento de grãos para as grandes cidades da Argentina. A falta de oferta provocou também um aumento importante no preço dos alimentos.
A soja vai gerar este ano 24 bilhões de dólares nas exportações, dos quais o fisco tenta captar 11 bilhões através de impostos, o que o campo considera um confisco.
Horas antes do protesto, o chefe de Gabinete, Alberto Fernández, havia feito uma severa advertência: "se (os agricultores) pararem, que enfrentem as conseqüências".
Entre os agricultores rebeldes também estão os produtores de carnes e leite, além dos que pedem o refinanciamento de pesadas dívidas.
Enquanto isto, grupos de pobres e desempregados aliados do governo de Cristina Kirchner realizaram manifestações nesta quarta-feira em centros comerciais e supermercados da Argentina para reclamar do aumento dos preços dos alimentos da cesta básica.
Cerca de 700 manifestantes dos grupos Bairros de Pé e Livres do Sul responsabilizam os grandes supermercados pela crescente inflação, e exigem que estes parem com o que chamaram de "remarcação dos preços da cesta básica".
"Estivemos no centro comercial Abasto e em outros 10 pontos do conurbano (periferia portenha), exigindo que os preços sejam reduzidos e pedindo alimentos para os restaurantes comunitários", disse o dirigente piqueteiro Roberto Baigorria.
Os cálculos oficiais estimam que a inflação anual de 2008 será de 10%, mas analistas e organizações de consumidores calculam que o índice chegará a 25% em média.