Economia

Pouca mão-de-obra especializada prejudica companhias aéreas

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postado em 10/05/2008 15:15
O forte crescimento do setor aéreo no Brasil nos últimos anos não trouxe problemas relacionados apenas à infra-estrutura para as empresas do setor. A escassez de mão-de-obra especializada em manutenção de aeronaves é outro efeito negativo criado pela expansão do setor. O presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores de Aviação Civil (Fentac), Celso Klafke, afirma que, em razão da falta de trabalhadores, os mecânicos têm trabalhado além do horário limite estabelecido para o setor, colocando em risco a segurança das aeronaves. Estimativa da Fentac mostra que seriam necessários pelo menos 20% mais profissionais que a oferta atual para atender à demanda das companhias aéreas. Klafke afirma que o número de trabalhadores da área de manutenção não cresceu no mesmo ritmo do mercado de aviação civil nos últimos anos. A falta de profissionais habilitados e capacitados para trabalhar no setor tem levado a uma disputa por trabalhadores entre as companhias aéreas e de manutenção. ;As empresas têm feito verdadeiros leilões pelos profissionais;, diz. As regiões com maior carência de mão-de-obra são o Norte e Nordeste. Uma conseqüência do déficit de profissionais de manutenção é a sobrecarga de trabalho com horas excedentes na jornada diária, que é de seis horas para mecânicos de pista e de oito horas para mecânicos de hangar. ;O tempo é esse, mas muitas empresas ultrapassam o limite pela falta de funcionários;, diz Klafke. Segundo o presidente da Fentac, o tempo de trabalho é regulamentado justamente porque há um alto nível de estresse na profissão. Ele avalia que um profissional sobrecarregado tende a elevar o número de falhas nos procedimentos. Apesar de não saber quantificar, Klafke afirma que há denúncias de sobrecarga de trabalho e não-cumprimento de folgas em delegacias de trabalho de todo o País. ;Esse é o maior problema da categoria atualmente;, afirma. Apesar das condições inadequadas de trabalho, Klafke prefere não relacionar o déficit de profissionais ou a sobrecarga de tarefas ao número cada vez mais freqüente de panes em aviões de companhias aéreas brasileiras. ;Este pode ser um fator que leve a falhas, mas não pode ser diretamente ligado a esse tipo de problema;, afirma. Para o presidente da Fentac, o aumento do número de ocorrências de panes em aviões brasileiros deve-se a dois fatores: "A constante busca por economia das empresas e a falta de fiscalização por parte da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Há uma deficiência de profissionais na Anac, o que cria oportunidades para que muitas empresas burlem a legislação;, avalia. Apenas 24% dos funcionários da agência reguladora, nos seus cálculos, são contratados pela própria Anac. O restante é formado por servidores oriundos do antigo DAC e de outros órgãos como a Infraero. O sindicalista ressalta ainda que com o forte crescimento do setor aéreo é normal que o número de acidentes ou incidentes cresça na mesma proporção. Anac responde O gerente-geral de Certificação de Produtos Aeronáuticos da Anac, Claudio Passos Simão, rebate a acusação do sindicato de que a fiscalização do órgão seja falha. Segundo ele, a fiscalização da agência segue os padrões adotados no mundo inteiro. ;Fazemos tanto visitas programadas quanto visitas adicionais sem aviso prévio;, afirma. Com o crescimento da aviação civil no Brasil e no mundo, segundo o executivo, é normal que aumente também o número de incidentes ou acidentes no setor. Passos ressalta, no entanto, que a Anac não considera que isso seja adequado e afirma que o órgão trabalha para minimizar os efeitos negativos da expansão do setor.

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