Economia

Governo estuda aumento do IPVA e pedágios urbanos para restringir uso de carros

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postado em 11/05/2008 15:20
As longas horas de engarrafamento nas grandes cidades estão impondo um custo altíssimo à economia do país. Estudo realizado pelo professor Marcos Cintra, vice-presidente da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e doutor pela Universidade de Harvard nos Estados Unidos, mostra que somente na cidade de São Paulo os prejuízos com o trânsito caótico chegarão a R$ 33,1 bilhões neste ano, valor quase três vezes maior do que os computados em 2000, de R$ 11,7 bilhões. Diante da escalada dessas perdas e da ameaça de colapso no tráfego de veículos, o Ministério das Cidades encaminhou ao Congresso, sem alarde, um projeto de lei para definir as diretrizes do transporte urbano e inclui restrições ao uso de automóveis. A principal delas, a criação de pedágios nas áreas de maior tráfego, chamados de ;taxas e tarifas sobre uso de infra-estrutura;. O governo federal sabe que a medida é polêmica. Mas, para Fernando Antônio Carneiro Barbosa, diretor do Departamento de Regulação e Gestão da Secretaria de Transportes e da Mobilidade Urbana do Ministério da Cidades, chegou a hora de o tema ser debatido com a sociedade. ;Mesmo sem saber, todo mundo está pagando a conta das longas horas de engarrafamento;, afirma. Para comprovar isso, basta, segundo o professor Marcos Cintra, levar em conta o peso econômico de São Paulo. ;A cidade responde por 12% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todas as riquezas do país. Esse peso econômico faz com que todo o custo enfrentado pelo setor produtivo, como o dos engarrafamentos, seja repassado para o restante do Brasil por meio dos preços de mercadorias e serviços;, explica o professor da FGV. ;Estamos falando do combustível gasto a mais pelos caminhões que transportam as cargas e pelas horas perdidas no trânsito pelos trabalhadores que poderiam estar produzindo.; Na avaliação de Fernando Barbosa, a cobrança de pedágio deve ser acompanhada de uma série de medidas para desestimular o uso de automóveis (veja quadro). Ele prega a disseminação de rodízios para carros particulares e defende a realização de campanhas maciças para o uso de bicicletas, com a devida construção de ciclovias. ;Precisamos fazer uma revolução na mentalidade do brasileiro;, frisa. Barbosa está finalizando um manual de mais de 900 páginas que será distribuído a todos os municípios do país alertando sobre a urgência de se regular o trânsito e mostrando as experiências bem-sucedidas no mundo. O ministro das Cidades, Márcio Fortes, é mais reticente. A seu ver, antes de se adotar medidas que onerem os usuários de automóveis, é possível reduzir os gravíssimos problemas do trânsito por meio da proibição de estacionamentos nas áreas centrais das cidades e da transformação de ruas em calçadões. Ele também vê saída na construção de vias expressas para transportes coletivos e na definição de horários específicos para a circulação de veículos de cargas e descargas. Outra medida importante é a mudança na lei de concessões municipais para transportes públicos. Quem acompanha de perto esse setor sabe que é dominado por máfias.

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