postado em 13/05/2008 08:20
A preocupação dos bancos centrais com a pressão inflacionária vivida neste momento, devido à alta dos alimentos, deve continuar. Se a pressão atual vem do desequilíbrio entre aumento do consumo e pouca oferta, virá, também, a partir de agora, dos elevados custos de produção enfrentados pelos produtores em todo o mundo.
Os bons preços internacionais das commodities agrícolas devem incentivar os produtores a plantar mais e a buscar maior produtividade. A produção pode ser maior, mas a um custo mais elevado do que o da safra anterior. Essa pressão de custo se espalha pelo planeta.
O Brasil, um dos principais fornecedores mundiais de alimentos, não fica imune a essa alta. Ao contrário, tem gastos superiores aos de outros países, principalmente devido às deficiências em infra-estrutura. No país, os custos dos produtores neste ano devem superar em até 50% os do ano anterior, dependendo da região.
Essa alta se deve à forte aceleração no preço dos insumos - sementes, adubos, produtos químicos etc. O líder de aumento são os adubos e fertilizantes. Algumas regiões do país, principalmente as fronteiras agrícolas, estão pagando o dobro do que pagavam no ano passado.
Conforme negócios realizados na BN - Bolsa de Negócios, Insumos e Sementes, especializada em negociações de produtos agrícolas - algumas fórmulas de adubos e fertilizantes tiveram aumento de 120% entre março do ano passado e abril deste ano.
"A indústria de insumos tem perfeito controle sobre os custos, elevando ou baixando seus preços de forma a controlar a rentabilidade do produtor", afirmou José Pitoli, da Coopermibra (Cooperativa Mista Agropecuária do Brasil). Ele lembra que, quando os preços das commodities estão em fase de baixa, as indústrias reduzem os custos. Na fase de alta, no entanto, repõem margens, elevando os preços.
O custo atual dos insumos não preocupa o produtor Roberto Pozzi, de Maringá (PR), mas também não o deixa tranqüilo. "Enquanto os preços das commodities permanecerem nos patamares atuais, temos condições de pagar. Mas quem garante que eles [os preços] vão permanecer bons?".
Pozzi alerta para o seguinte cenário: custos elevados dos insumos agora, queda nos valores das commodities lá na frente e dólar caindo para R$ 1,50 após o Brasil conquistar a posição de país seguro para investimento.