Economia

Lula: presidente do Brasil será sheik do petróleo em dez anos

Afirmação foi feita durante encontro com a chanceler alemã, Ângela Merkel. Acordo energético entre os dois países foi assinado

postado em 14/05/2008 16:00
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira (14/05) que, apesar de o Brasil estar prestes a se tornar um grande produtor de petróleo, devido às descobertas recentes da Petrobras, é preciso diminuir o consumo de combustíveis fósseis. Durante encontro em Brasília com a chanceler alemã, Ângela Merkel, o presidente responsabilizou também a alta do petróleo e dos subsídios agrícolas dos países ricos pelo aumento internacional no preço dos alimentos. "O bom senso é que a humanidade não pode continuar dependendo do petróleo", disse Lula. "Estou falando isso, para que a imprensa alemã compreenda, depois de o Brasil ter descoberto muito petróleo. Se vocês vierem daqui dez anos no Brasil, vocês vão chamar o presidente do Brasil de sheik, sheik da América do Sul", afirmou o Lula em entrevista para a imprensa brasileira e alemã. Os dois países assinaram acordo, nesta quarta-feira, para investimento em biocombustíveis, eficiência energética e energias alternativas. Fome no mundo Em relação às críticas de que os biocombustíveis, como o álcool, seriam os responsáveis pela alta nos preços dos alimentos, Lula disse que ninguém fala sobre o impacto da alta do preço do petróleo nos insumos agrícolas e no custo de transporte ou sobre os subsídios para os agricultores dos países desenvolvidos. Ao tocar no assunto, ele também pediu à chanceler que ajude nas negociações da Rodada Doha para liberalização do comércio, dentro da qual o Brasil reivindica a redução de subsídios para os agricultores dos países desenvolvidos. "Não nos iludamos sobre as causas da fome no mundo e a recente elevação no preço dos alimentos. A incapacidade de muitos países de produzir seus próprios alimentos se deve também a séculos de distorções no comércio internacional." Quanto às negociações da Rodada Doha, Lula fez um pedido à Merkel. "Confiamos que a Alemanha atuará com igual sentido de liderança para superar as divergências que vêm impedindo a conclusão da Rodada Doha. A resposta está em eliminar os subsídios aos agricultores dos países ricos, qe anulam as vantagens comparativas dos países em desenvolvimento", afirmou. Lula disse também que a produção de álcool vem crescendo junto com o avanço da safra de alimentos e negou que uma esteja tomando o espaço da outra. "Nossa experiência de 30 anos demonstra que o aumento da produção de etanol não causa degradação ambiental", disse. "Ao longo desse período, aumentamos a produção de alimentos para toda a população brasileira e ainda ampliamos nossa participação nas vendas internacionais." Resposta alemã Questionada também sobre o assunto, Merkel afirmou que o país não irá aumentar as metas de uso de biocombustíveis, mantendo as regras atuais da União Européia. "A Alemanha vai manter a estratégia européia de bioenergia até 2020 e temos determinadas metas de adição [de biocombustíveis à gasolina]. Nós temos veículos antigos que não podem funcionar com determinado tipo de combustível", afirmou Merkel. Mesmo assim, ela disse que os biocombustíveis vão prestar a sua contribuição para a redução da poluição, mas cobrou compromissos com a sustentabilidade. "É importante que a sustentabilidade seja garantida", afirmou.

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