Economia

Biocombustíveis devem ser um dos focos de cúpula de chefes de Estado no Peru

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postado em 15/05/2008 10:54
A polêmica sobre a produção de biocombustíveis e sua relação com o aumento dos preços dos alimentos deve ser um dos principais pontos de divergência da 5ª Cúpula de Chefes de Estado da América Latina e Caribe - União Européia. O encontro começa nesta quinta-feira (15/05) em Lima, no Peru. A previsão é de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegue à capital peruana à tarde, com o objetivo de tentar convencer os chefes de Estado das regiões envolvidas de que o etanol à base de cana-de-açúcar não é o responsável pela recente crise de segurança alimentar que provocou protestos em diferentes partes do mundo. Alguns analistas, entretanto, acreditam que a tarefa de Lula não será tão simples. "O que entrará em debate não é somente a origem do etanol brasileiro e sim o modelo de produção de biocombustíveis como um todo e sua real ameaça à produção de alimentos", afirma Ernesto Velit, analista político da Universidade Ricardo Palma, em Lima. ;Não sei o que fará Lula para convencer seus colegas, mas certamente enfrentará muita oposição", acrescenta. Do lado latino-americano, as críticas à produção de biocombustíveis têm origem, inclusive, em governos com modelos opostos de desenvolvimento. O presidente do Peru, Alan Garcia, e o presidente da Bolívia, Evo Morales ; que divergem sobre um tratado comercial com a União Européia ; concordam que a produção dos biocombustíveis ameaça as áreas destinadas à produção de alimentos. Para o analista político peruano Alejandro Deustua, ambos os chefes de Estado devem reorientar suas críticas. Ele avalia que, ao se atribuir a responsabilidade da inflação dos preços dos alimentos à produção de etanol, ignora-se dois aspectos "fundamentais; para ponderar a polêmica. "É preciso considerar a especulação no mercado de alimentos que foram convertidos em commodities e não se pode descartar que há interesses políticos em gerar uma crise em torno do biocombustível", afirma Deustua. "Antes de condenar, é preciso estudar e avaliar." O presidente da comissão organizadora da Cúpula, Ricardo Vega Llona, admitiu nesta quarta-feira (14/05) que o tema alimentar "demandará mais esforços para se ajustar a declaração final" do encontro.

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