postado em 15/05/2008 15:49
Os países emergentes não ficarão isentos da crise internacional e a Organização das Nações Unidas já revê para baixo o crescimento das economias em desenvolvimento. Em relatório, a ONU estima que a taxa de expansão da economia mundial será bem inferior ao que se pensava e alerta que todos serão atingidos. A entidade estima que o Produto Interno Bruto do planeta sofrerá uma alta de apenas 1,8% em 2008, taxa que pode ser ainda menor. A inflação em 2008 também será um obstáculo a mais ao crescimento.
Entre os países em desenvolvimento, a América Latina será a região que terá o menor crescimento em 2008 e 2009. Desde 2004, a região vinha apresentando taxas cada vez maiores de expansão. Em 2007, chegou a 5,7%. Para 2008, porém, a expectativa da ONU é de uma alta de 3,1% e, em 2009, de apenas 2,6%. "Esse será o pior resultado entre todos os continentes em desenvolvimento", afirmou Rob Vos, autor do relatório.
Para ele, a desaceleração na economia americana e as altas dos preços de energia e de alimentos vão afetar diretamente o desempenho da região. "A relação dessas economias com os Estados Unidos fará com que o continente tenha uma queda de seu crescimento nos próximos dois anos", afirmou.
No final de 2007, a ONU previa que o crescimento da economia mundial em 2008 seria de 3,4%. Com a alta nos preços do petróleo e as turbulências no sistema financeiro, porém, os economistas da entidade foram obrigados a rever essa taxa. A desaceleração nos Estados Unidos também foi um dos principais fatores que levaram a ONU a rever para baixo a taxa de crescimento no mundo, além da desvalorização do dólar.
Cenário pessimista
Num cenário ainda mais pessimista, a ONU prevê que a economia mundial poderia aumentar em menos de 0,5% em 2008. "Na prática, a economia mundial ficará estagnada", alertou Vos. Para a entidade, a queda estará condicionada às políticas que os Estados Unidos adotarão, como estímulos fiscais. Para a ONU, a economia global está " à beira de uma grave queda".
Nos Estados Unidos, a previsão é de uma queda real na economia de 0,2% neste ano. Para 2009, a previsão não é muito melhor. A ONU estima que a economia americana tenha uma alta de apenas 0 2%. Na Europa, o crescimento não seria superior a 1,1% em 2008. Para 2009, o crescimento deve ficar em 1,2%. Já no Japão, a situação é ainda mais crítica do que na Europa, já que o país deve crescer apenas 0,9% neste ano e, na melhor das hipóteses, 1 2% em 2009
Alimentos
Para a ONU, a alta nos preços dos alimentos e energia já representa uma "ameaça humanitária" e riscos para a estabilidade social. "Um bilhão de pessoas sofrem de má nutrição crônica e 3 bilhões de pessoas, metade da humanidade, sofrem com insegurança alimentar", alertou Jomo Sundaram, subsecretário da ONU. Segundo a entidade, os preços dos alimentos devem se estabilizar em 2009. Mas os biocombustíveis não podem ser tratados como os culpados pela alta. "Não podemos rejeitar todos os biocombustíveis. O de cana não representa um problema. Precisamos lidar com a situação de forma mais sofisticada", afirmou Sundaram.
Para ele, um dos problemas é o controle do mercado de alimentos pelas grandes multinacionais, os subsídios dos países ricos, o aumento do consumo nos mercados emergentes e a falta de terras em algumas regiões. A conclusão é de que a inflação em 2008 será um obstáculo a mais ao crescimento. A taxa média mundial ficará em pelo menos 3,7%, impedindo qualquer corte de juros pelos bancos centrais para promover o crescimento