postado em 15/05/2008 22:09
Pouco depois de desembarcar em Lima, no Peru, onde participa da V Cúpula América Latina, Caribe e União Européia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva previu que o debate sobre a questão do etanol está "apenas começando". "Temos de estar preparados porque o debate será longo e duradouro", disse.
Na avaliação de Lula, há uma contradição no discurso de líderes europeus e de entidades internacionais que associam a produção de biocombustível à redução da oferta de alimentos no mercado mundial. O presidente observou que o biodiesel ainda não está sendo produzido em larga escala no mundo para ser responsabilizado pelo aumento dos preços detectados internacionalmente.
"Eu disse para Angela Merkel (chanceler alemã) e para o (José Luiz Rodríguez) Zapatero (chefe de governo da Espanha) que precisamos de uma discussão com forte componente científico, sem essa questão eminentemente ideológica, sem emoção e com muita razão", contou o presidente. "Compreendo que as pessoas se recusem a discutir um tema novo, mas é preciso discutir alternativas diante do problema do aquecimento global, da questão energética e de alimentos", emendou
Lula demonstrou particular irritação com as incongruências dos setores internacionais que no passado trabalharam para que o Protocolo de Kyoto, acordo internacional para reduzir a emissão de gases-estufa, fosse aprovado, mas que agora são contra o etanol. "Acho muito engraçado que as pessoas que querem despoluir e desaquecer o planeta (criticam) quando o Brasil oferece um combustível não emissor de CO2. É uma contradição", disse
Na entrevista no hall do hotel onde está hospedado em Lima, Lula minimizou a guerra de declarações, que antecedeu a cúpula, envolvendo o presidente venezuelano Hugo Chávez e outros participantes do encontro. "É verdade que possamos ter um clima de tensão, mas temos uma democracia aqui como jamais tivemos em qualquer outro momento", afirmou Lula, referindo-se aos países da América Latina. "Com exceção das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), não temos nenhum grupo de luta armada, guerrilha ou terrorismo", concluiu