postado em 21/05/2008 09:23
Desde o reajuste dos combustíveis nas refinarias da Petrobras, no dia 2 de maio, o preço do diesel já subiu, em média, 8,8% nas bombas dos postos de todo o país, segundo pesquisa da ANP (Agência Nacional do Petróleo). O produto passou de R$ 1,879 o litro na semana encerrada no dia 3 para R$ 2,045 no último sábado (17/05).
O maior impacto foi sentido na semana posterior (encerrada em 10 de maio) ao reajuste de 15% do diesel na refinaria, quando ele subiu 7,9%. Diante do aumento do diesel nas bombas, as transportadoras já corrigiram suas tabelas, e o custo do frete subiu de 4% a 5%, segundo Newton Gibson, presidente da Associação Brasileira de Transporte de Cargas e Logística.
Segundo Gbson, os alimentos serão mais afetados pelo aumento, já que, além do impacto do frete, o diesel é usado em tratores e colheitadeiras. "Esse reajuste veio bem no momento de pico da colheita de grãos e acontece justamente quando já existe uma pressão no preço dos alimentos", disse ele.
Segundo o presidente da Fecombustíveis, Paulo Miranda, o preço do diesel nos postos já incorporou a totalidade do reajuste da Petrobras e tende a se estabilizar. A entidade estimou, na época do aumento na refinaria, uma alta de 9% na bomba.
Para a gasolina, a federação que representa os donos de postos havia previsto uma alta de, no máximo, 1%. E foi isso que aconteceu. Amortecido pela redução da Cide (o imposto dos combustíveis), o reajuste chegou bem mais ameno à ponta do consumidor: a alta ficou em 0,3%. O produto era vendido, em média, a R$ 2,50 o litro.
Miranda diz que a alta da gasolina reflete apenas o aumento do álcool anidro (adicionado ao derivado de petróleo na proporção de 25%). "A gasolina só subiu em razão do álcool. A diminuição da Cide compensou a alta na refinaria".
No mesmo dia do reajuste, o governo determinou a redução da Cide: de R$ 0,28 para R$ 0,18 por litro para a gasolina e de R$ 0,07 para R$ 0,03 no diesel. Para Miranda, a decisão teve dois objetivos: conter a inflação - que deve fechar neste ano acima do centro da meta do governo de 4,5% por causa do choque dos alimentos - e evitar uma perda de receita da Petrobras em decorrência do aumento do consumo de álcool.
"Se o preço da gasolina ficar menor do que 70% do valor do álcool, ela perde mercado. Todo mundo hoje tem carro flex. Se sobrar gasolina, a Petrobras vai vender para quem? Pode exportar, mas sempre há um deságio no preço [em razão da qualidade do produto, que tem alto teor de enxofre para os padrões de EUA e Europa]".
Já o álcool subiu 1,2% nas bombas dos postos na primeira quinzena de maio. Seu preço ficou em R$ 1,487 na pesquisa encerrada no último sábado, mas deve cair com o começo da colheita de cana.