postado em 23/05/2008 08:27
O Brasil deverá se tornar auto-suficiente na produção de derivados de petróleo a partir de 2015, com a construção de mais quatro novas refinarias - duas em curso e outras duas em estudo, elevando o total de unidades no Brasil para 15.
"Se nós tivermos essas [15] refinarias em 2015, seremos provavelmente auto-suficientes", disse o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, 58. Segundo ele, a capacidade de refino deverá passar de 1,9 milhão de barris por dia para 3,6 milhões.
Hoje, o Brasil produz petróleo acima de suas necessidades, mas de um tipo pesado, que não gera a gasolina e o diesel suficientes para atender à demanda interna, obrigando a empresa a importá-los, o que reduz o saldo comercial.
Uma das refinarias, confirmou Gabrielli, deve ser no Maranhão, terra do atual ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, a quem a estatal está ligada. Ele diz, porém, que é "uma coincidência positiva" a escolha do Estado do ministro. Quanto à quarta refinaria, diz que ainda não haveria definição.
Petista, professor da Universidade Federal da Bahia, Gabrielli avalia que o preço do petróleo vai se manter elevado pelos próximos quatro a cinco anos, variando entre US$ 80 e US$ 120 o barril. "É uma realidade definitiva", diz ele.
Segundo Gabrielli, a estatal não tem outro caminho senão continuar investindo na Bolívia, apesar da instabilidade no vizinho. "A Bolívia representa hoje 50% da oferta de gás no Brasil. Você quer parar São Paulo? Nós não queremos também; então precisamos do gás da Bolívia."
Para Gabrielli, não houve interferência política no reajuste dos combustíveis, que ficou quase três anos congelado apesar da forte alta do petróleo: "É importante discutir com o governo os impactos macroeconômicos", defendeu.