postado em 24/05/2008 09:31
Os preços de referência de energia elétrica no mercado atacadista subiram para R$ 51,11 por MWh (megawatt-hora) para os negócios que serão concluídos na semana que vem, segundo dados da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE). Esse patamar representa aumento de 49,05% em relação aos níveis atuais e será válido para os quatro submercados (Sudeste/Centro-Oeste, Sul, Norte e Nordeste). Na Região Norte, porém, a tarifa para o período de menor consumo (entre 22h e 06h) permanece em R$ 15,47 por MWh, pois a hidrelétrica de Tucuruí continua vertendo água, por não conseguir turbinar todo o volume de energia (água) que chega ao seu reservatório.
Embora acima do observado nas últimas semanas, os preços no mercado livre estão abaixo do registrado em igual período dos últimos dois anos na área Sudeste/Centro-Oeste, a maior consumidora. No final de maio de 2007, a tarifa média estava em R$ 121,90 por MWh.
A elevação dos preços na semana reflete a perspectiva de que as chuvas serão praticamente iguais a zero nos próximos dias, conforme acompanhamento do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A ausência quase completa de afluência de energia (água que chega aos reservatórios) pressiona os preços devido à fórmula de cálculo desse indicador. Alguns especialistas criticam a forma de cálculo, mas a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mantém a posição de não mexer no sistema alegando que mudanças de regras podem causar desconfiança entre os agentes econômicos.
Os reservatórios das grandes hidrelétricas estão em patamares confortáveis para essa época do ano. Na região Sudeste/Centro-Oeste, o nível dos reservatórios está em 83,5% da capacidade máxima, com 15,5 pontos percentuais de folga em relação aos níveis mínimos de segurança. No Nordeste, o armazenamento está em 82,5% da capacidade máxima, com folga de 29,8 pontos percentuais, enquanto na Região Sul o percentual de armazenamento é de 69,0%, com 55,1 pontos percentuais de folga.
Os dados do ONS indicam que a carga de energia em maio (consumo mais perdas) está bem abaixo da previsão, especialmente na região Sudeste/Centro-Oeste. O órgão previa uma carga média de 35.525 MW médios em maio no Sudeste/Centro-Oeste, mas a média registrada até ontem ficou 13,5% abaixo da previsão. No Sul, a queda do registrado em relação ao previsto foi de 5,3% e no Norte houve queda de 1,0%. A única região que está demandando mais energia, em relação à previsão do ONS, é o Nordeste, com aumento de 1,2% em maio em relação à previsão inicial.
O ONS elevou para 559 MW médios o volume de energia exportada para a Argentina, frente aos 350 MW médios registrados na semana anterior, mas ainda abaixo dos 1.000 MW a 1.500 MW médios que estariam sendo negociados pelo governo brasileiro para fornecer ao país vizinho por meio do sistema de trocas. Ou seja, o mesmo montante de energia que o país transferir para a Argentina no período de maio a agosto, será devolvido ao Brasil entre setembro e dezembro.