Economia

Preços dos alimentos e do petróleo ameaçam América Latina

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postado em 25/05/2008 10:21
A inflação que atormenta o Brasil e vai levar o Banco Central a promover um choque de juros nos próximos meses já se alastrou pela América Latina e pelo Caribe. Em pelo menos 10 países da região, os índices de preços acumulados em 12 meses estão em dois dígitos ou muito perto disso. Trata-se do pior quadro inflacionário desde a segunda metade dos anos de 1990, quando a maior parte dos países executou políticas de sucesso para colocar os preços nos eixos. ;Infelizmente, não estamos falando de um movimento localizado. A alta da inflação é global e trará conseqüências ruins para todos;, diz Érica Fraga, analista para a América Latina da Economist Intelligence Unit (EIU), consultoria da revista britânica The Economist. Ela ressalta que a disparada da inflação começou com os preços dos alimentos, ganhou força com os recordes do petróleo e, em países como a Bolívia, Argentina e Venezuela, está recebendo estímulos adicionais do forte aumento dos gastos públicos. ;Há uma combinação perigosa, cujo resultado será a desaceleração do crescimento econômico, que ficará mais evidente em 2009;, afirma. Pelas projeções de Érica, a inflação média da América Latina neste ano será de 7,1%, a maior desde 2003, mas tudo leva a crer que tal previsão terá de ser revista para cima. Na Bolívia, a inflação anual saiu de 6% em janeiro de 2007 para 14% em março deste ano. ;É a primeira vez, em mais de uma década, que a Bolívia registra inflação de dois dígitos;, ressalta a analista. Na Venezuela, onde há desabastecimento, a inflação saltou, no mesmo período, de 18% para 25%. Na Argentina, o índice oficial (maquiado pelo governo) aponta inflação de 8,8% nos 12 meses terminados em março, mas passa dos 20% nas contas do mercado. Mesmo em economias estabilizadas há mais tempo, como o Chile, o monstro da inflação não dá trégua. Do início de 2007 até março último, os índices de preços saíram de confortáveis 2,8% para 8,6%. No Peru, elevado a grau de investimento(investment grade) um mês antes do Brasil, a inflação anual passou de 0,6% para 5,5%. Curiosamente, ressalta Érica, o Brasil, com todo o seu histórico de descontrole inflacionário, é o país da região com os índices de preços mais comportados até agora: de janeiro do ano passado para março de 2008, a inflação avançou de 3% para 4,7%. Mas que ninguém comemore muito, avisa o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves. ;O Brasil ficou um pouco para trás, graças ao efeito defasado da política monetária, isto é, juros altos. Mas já voltamos para a média internacional;, destaca. Tanto é verdade, segundo ele, que as estimativas para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), usado como referência para o sistema de metas de inflação, estão em alta há oito semanas consecutivas. Há quem acredite que a taxa final de 2008 será de até 6%, mais próxima do teto da meta, de 6,5%. Nas pesquisas do início do ano, era quase consenso de que a inflação ficaria próxima de 4%, abaixo do centro da meta: 4,5%. LEIA MAIS NA EDIÇÃO IMPRESSA DESTE DOMINGO DO CORREIO BRAZILIENSE

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