postado em 28/05/2008 09:18
Governo federal, a classe política, produtores rurais e iniciativa privada vêm debatendo soluções para um problema que se configura, cada vez mais, como uma bomba de efeito retardado no plantio da próxima safra de verão: a alta dos insumos, sobretudo dos fertilizantes. Componentes de maior peso no custo de produção de grãos, os fertilizantes, cujos principais são nitrogênio, fósforo e potássio, tiveram seu preço médio reajustado em quase 100% de 16 meses para cá, segundo análise da Scot Consultoria.
Em Sorriso (MT), maior município produtor de grãos do Brasil, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP) apurou que o sojicultor deve gastar no próximo plantio, só com adubos, quase metade do custo de produção: R$ 520,92 para gastos de R$ 1.174,41, numa produtividade de 52 sacas/hectare, ante 38% da safra anterior.
E o cenário, segundo os analistas e a própria indústria, continuará sendo de alta. A indústria fabricante justifica os reajustes internos com a conjuntura externa. Segundo o presidente da Bunge Fertilizantes e da Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda), Mário Barbosa, o Brasil importou 22 milhões de toneladas de fertilizantes e produziu internamente 7 milhões de toneladas, ou seja, importou 70% do consumo. "A indústria nacional é considerada, por isso, tomadora de preços: pratica os preços do mercado externo, acrescidos de fretes oceânicos e despesas de importação", diz.
E os preços dos fertilizantes no exterior subiram muito. Entre os motivos, o grande crescimento nos preços de matérias-primas usadas na produção de adubos, como petróleo e gás natural, e dos fretes marítimos. "Além disso, EUA, Europa, China e Índia incrementaram muito a produção agrícola, e grandes países fornecedores de adubo tiveram problemas na produção, como fechamento de minas nos EUA e inundação na Rússia, causando um desequilíbrio entre oferta e demanda." Com tal cenário, Barbosa acredita que a alta persistirá.