Economia

Após sinais de superaquecimento, indústria se aproxima do equilíbrio

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postado em 30/05/2008 16:24
Após sinais de superaquecimento no final do ano passado e temores sobre a capacidade de atender a demanda, a indústria passa por um momento de relativa estabilidade, segundo Aloísio Campelo Júnior, coordenador do Núcleo de Pesquisas e Análises Econômicas do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV). "A indústria não voltou ao patamar de crescimento do ano passado. A notícia é boa. O crescimento é mais equilibrado do que no final do ano passado, quando havia sinais de superaquecimento. Mas também não há sinal de desaceleração agora. Ao invés de estar crescendo 7%, a indústria cresce entre 4,5% e 5%", afirmou Campelo. Apesar do ritmo menos intenso, ele não identifica desaceleração da atividade industrial, mas "volatilidade nos dados". "Março foi forte, abril, mais fraco. Agora voltou a ficar forte. Há volatilidade dos dados e relativa incerteza. (...) Mas a indústria não está apresentando desaceleração contínua. Há um ajuste natural devido à demanda externa em queda e com o consumidor mais cauteloso", disse o economista. Nos últimos três meses (março, abril e maio), o nível da demanda global, que agrega dados sobre a demanda interna e externa, subiu 3,1% - sendo que a externa caiu 3,9% e a interna acelerou 3,8%. "O Brasil está consistente. As incertezas estão no cenário externo. Enquanto o índice de confiança do consumidor sobe no Brasil, cai nos Estados Unidos", explicou. Capacidade instalada Entre os dados da indústria que apontam para equilíbrio da atividade em maio, segundo divulgou nesta sexta-feira a FGV, está o nível de estoque e o da utilização da capacidade instalada. Também merece atenção, segundo Campelo, o nível da produção industrial. Segundo as previsões da Sondagem Conjuntural da Indústria de Transformação apuradas pela FGV, a produção prevista apontou recuo de 0,7% em maio deste ano em relação a maio de 2007. "A produção prevista veio menos potente, mas ainda em nível muito forte. (...) O dado negativo de maio não me assusta, porque a indústria estava crescendo em 2007, sobre uma base muito fraca", disse Campelo. Surpreendente, segundo ele, foi o indicador de previsão de emprego, que cresceu 5% nos últimos três meses (março, abril e maio) e 3,4% somente em maio deste ano em relação a igual período do ano anterior. Das 1.015 empresas consultadas, 30% prevêem aumento do contingente de mão-de-obra nos próximos três meses e 10%, redução. Em maio de 2007, estas parcelas haviam sido, respectivamente, de 26% e 10%.

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