Economia

Países latino-americanos aumentam cooperação para enfrentar crise alimentar

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postado em 31/05/2008 13:20
CARACAS - Elevar os rendimentos do campo, aumentar os investimentos em pesquisa e fortalecer a cooperação regional frente à crise alimentar foram algumas das propostas apresentadas na sexta-feira em Caracas em uma reunião do Sistema Econômico Latino-Americano e do Caribe (Sela). "As estratégias para enfrentar as causas e manifestações da atual crise têm que incluir, de maneira destacada, a utilização de mecanismos de cooperação regional", ressaltou o documento final do encontro. Delegados dos 26 Estados membros do Sela se reuniram em Caracas para analisar a crise alimentar a partir da "perspectiva latino-americana e caribenha" e "coordenar possíveis posições comuns" às vésperas da reunião de cúpula da Organização da ONU para a Agricultura e a Alimentação (FAO) sobre segurança alimentar que será realizada de 3 a 5 de junho em Roma. "O problema é grave e de longo prazo, e afeta uma grande quantidade de pessoas, e por isso é preciso atuar em diferentes frentes, a partir de uma coordenação política que defenda os interesses regionais", disse o secretário do Sela, José Rivera Banuet, após o encontro. "Concordamos em aumentar os rendimentos do campo e para pesquisas e em aprofundar a cooperação regional para assegurar o abastecimento de alimentos no futuro", afirmou. Os delegados latino-americanos recomendaram também que as políticas de estímulo direto aos produtores sejam priorizadas, destacando a criação de sistemas de seguros para a produção agropecuária. Para Gordana Jerger, diretora regional adjunta para a América Latina e o Caribe do Programa Mundial de Alimentos (PAM) da ONU, é importante também fortalecer as redes de proteção social. "A Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) estima que devido ao aumento dos preços teremos mais 10 milhões de pessoas em situação de pobreza na região. Se não houver um aumento desse tipo nos investimentos o número poderá chegar a 20 milhões", explicou. Também considerou necessário "revisar as políticas de biocombustíveis", que segundo ela é uma das causas da crise alimentar, embora não "a única nem a mais importante". "Talvez o fator mais importante seja o aumento da demanda, já que não estamos em um mundo de abundância, sem oferta suficiente para a demanda que existe", disse a Jerger. Em relação à questão dos biocombustíveis, alguns países manifestaram sua oposição à produção dos mesmos a partir de alimentos. O Brasil, segundo maior produtor de biocombustíveis -obtido a partir da cana-de-açúcar-, defendeu sua experiência e frisou "que nem sempre o desenvolvimento de biocombustíveis e o aumento na produção de alimentos se opõem". Como alternativa à produção de biocombustíveis a partir de alimentos, o México propôs "o desenvolvimento bioenérgetico de 'segunda ou terceira geração'" por meio da utilização de produtos vegetais não comestíveis. Segundo o Banco Mundial, os preços dos alimentos subiram 83% nos últimos três anos e essa crise alimentar poderá aumentar em 100 milhões a quantidade de pessoas em situação de pobreza no mundo. Esta semana, a FAO e a Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômicos (OCDE) previram que os preços mundiais dos alimentos baixarão um pouco em relação aos seus atuais níveis recorde, mas se manterão acima de sua média histórica durante pelo menos uma década.

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