postado em 02/06/2008 14:33
A disparada do petróleo no mercado internacional vem fazendo com que a Petrobras deixe de lucrar mais na venda de gás natural às distribuidoras. A diretora de gás e energia da estatal, Maria das Graças Foster, disse nesta segunda-feira (02/06) que a recente revisão dos contratos com as distribuidoras já está defasada, diante do petróleo cotado em torno dos US$ 130. Maria das Graças, no entanto, descartou que haja previsão de nova revisão.
"Esta supervalorização do petróleo já traz um descolamento da nova política do gás recém-implementada. Mas a Petrobras não tem prejuízos em função disso", afirmou a executiva, após assinar contrato de fornecimento de GNL (Gás Natural Liquefeito) com o BG (British Group).
Os preços do gás também estão atrelados ao preço do petróleo, já que o combustível é um dos componentes da cesta de óleo, juntamente com outros derivados com gasolina e diesel.
Maria das Graças explicou que os novos contratos firmados recentemente levam em conta o preço do barril em patamar menor do que o atual, mas não revelou o valor-base definido com as distribuidoras. Essa base determina as correções trimestrais que são feitas a cada três meses, o que evita que as fortes variações dos preços atinjam o marcado consumidor. Ela destacou que não pode repassar uma oscilação muito forte para as distribuidoras.
"Não poderia picotar esse mercado com preços maior e menor. Na área de gás, eu preciso da saúde financeira das distribuidoras. Não posso quebrar uma distribuidora passando para ela a volatilidade do preço do petróleo e do gás. Não posso fazer", observou.
A Petrobras fechou, na última sexta-feira (30/05), a revisão de contrato com a Algás, que atende o mercado alagoano. Era a única das 24 distribuidoras que ainda não tinha refeito o contrato. Até 2012, a Petrobras garantirá fornecimento de 730 mil metros cúbicos/dia para a Algás, sendo 300 mil metros cúbicos/dia na modalidade flexível e interruptível.
Ao todo, a Petrobras garantirá às distribuidoras até 47 milhões de metros cúbicos/dia, sendo 10 milhões de metros cúbicos/dia flexíveis e interruptíveis O modelo seria um pouco mais pesado sobre as distribuidoras. "A gente não pode se iludir que o petróleo a US$ 130 não traga prejuízos para todo o espectro de combustíveis", afirmou Maria das Graças.