postado em 03/06/2008 15:29
O ex-diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo de Rato, disse nesta terça-feira (03/06) que o aumento do preço do petróleo sofrerá uma aceleração nos próximos meses.
Para ele, os motivos são o aumento da demanda das economias emergentes e a pouca margem de excedente existente. "Teremos uma substancial aceleração do aumento do preço nos próximos meses", advertiu Rato no primeiro dia do Fórum da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).
No caso do petróleo, Rato disse que os preços mais que dobraram nos últimos 12 meses e chegaram aos valores mais elevados da história, enquanto as margens de excedentes (a diferença entre o que é posto no mercado e o que poderia ser produzido) são as mais baixas dos últimos anos.
No mês passado, o barril do petróleo negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês) chegou à marca recorde de US$ 135,09. Hoje, às 14h24 (em Brasília), o barril estava cotado a US$ 125,17 (queda de 2,03%). Até o horário, o preço máximo do barril era de US$ 127,98 e o mínimo, US$ 124,80.
O ex-diretor-gerente do FMI destacou a contradição que o encarecimento do barril do petróleo não permite uma expansão dos volumes produzidos. Rato também afirmou que os 15 principais países produtores de petróleo reduziram suas exportações e relacionou esse fenômeno com a onda de nacionalismo que está se expandindo por muitas dessas nações.
Segundo ele, esse movimento de nacionalismo, na medida em que põe impedimentos à liberalização do investimento e restringe os recursos, é um dos três desafios do mundo perante o novo ciclo econômico.
Os outros dois desafios estão relacionados com as crescentes pressões inflacionárias e com os desequilíbrios financeiros internacionais.
Para Rato, a conjunção de inflação alta e desvalorização do dólar "pode trazer problemas sérios a vários países", inclusive aos Estados Unidos, já levando em conta que a depreciação de sua divisa está permitindo aos americanos recuperarem cotas de mercado na exportação.
A respeito da crise financeira, o ex-diretor-gerente do FMI disse que os mercados de crédito ainda estão "longe de um funcionamento normal".
O fórum da OCDE, que vai até esta quarta (04/06), quando começa a reunião anual de ministros de Finanças dos países da organização, será dedicado este ano à mudança climática, crescimento e estabilidade.