postado em 04/06/2008 20:22
O presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Abram Szajman, previu nesta quarta-feira, ao comentar a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar novamente a taxa básica de juros, que a decisão terá "efeitos devastadores em 2009". Ele ponderou que em 2008 a economia ainda deve crescer entre 4,5% e 5%, mas para o próximo ano as perspectivas são desalentadoras.
"Os planos de investimento de médio e longo prazo podem ser adiados diante deste cenário que vai se desenhando. Se a Selic chegar ao patamar que se anuncia, entre 13,5% e 14% até o fim deste ano, as tendências positivas de crescimento econômico e de geração de emprego vão se dissipar", disse Szajman, alertando para um risco subjacente: o de abortar o ciclo virtuoso em segmentos como o automobilístico e o imobiliário.
"Esses setores dependem fundamentalmente das condições de prazo, geralmente longos, e de juros dos financiamentos. A elevação da Selic não apenas aumenta o custo do dinheiro no curto prazo, mas também altera toda a curva de juros futuros por conta da mudança de expectativas dos agentes econômicos", acrescenta o empresário em nota.
Mesmo reconhecendo "a forte pressão que os últimos dados de inflação exerceram sobre a decisão do Copom", a Fecomércio ponderou que a elevação das taxas de juros poderia ser evitada se o governo cuidasse melhor das contas públicas. A entidade considera, ainda, pouco eficiente o aperto, dado que em grande parte as pressões inflacionárias são derivadas de aumentos de custos - como o encarecimento das commodities metálicas, petróleo e grãos - causas sobre as quais a Selic não age.
"As conseqüências serão as que já se sabe: aumento do custo de financiamento da dívida pública e uma apreciação cambial que pode levar o déficit em transações correntes para a casa dos US$ 30 bilhões neste ano. Enquanto isto o governo, em vez de cortar seus custos, ainda aumenta os gastos de custeio. O resultado será apenas mais sacrifício para o setor produtivo e para os milhões de brasileiros que terão frustradas suas esperanças de inserção econômica e social", concluiu Szajman.