postado em 05/06/2008 08:08
No mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou um aumento da taxa de juros (Selic), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou os riscos de que o crescimento robusto da economia possa provocar uma elevação generalizada dos preços no país, fazendo com que a inflação se distancie de vez da meta de 4,5% para o ano. Para ele, a oferta de produtos deverá continuar se expandindo, sendo mais que suficiente para atender a demanda. ;O Brasil está com uma inflação sob controle, situada próxima do centro da meta (4,5%) e com crescimento maior da economia;, ressaltou durante a apresentação do quarto balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
O Ministério da Fazenda trabalha com uma inflação de 4,5% para 2008, 2009 e 2010. Além disso, considera uma Selic (taxa básica de juros) nominal de 11,4% em 2008, 10,5% em 2009 e 10,1%, em 2010. O crescimento econômico no período deve ficar na casa dos 5%. ;Para 2008, pretendemos atingir as metas previstas. Talvez a Selic seja um pouco maior por causa dessa inflação mundial que atinge o Brasil e nós temos que nos precaver. A taxa de inflação deverá gravitar em torno desses 4,5%, podendo ser um pouquinho maior, mas dentro do centro da meta;, destaca Mantega.
Nos últimos meses, o ministro da Fazenda tem feito o possível para convencer os colegas do Banco Central de que a recente disparada da inflação no país é conseqüência do choque das commodities (produtos com cotação no mercado internacional) agrícolas, metálicas e de energia. Mantega explicou, na solenidade realizada no Palácio do Planalto, que a inflação acumulada em 12 meses até abril saltou de 3% para 5,04% de 2007 para 2008, refletindo aceleração dos preços dos alimentos, que no período passou de 4,63% para 12,62%.
Na visão do BC, no entanto, a situação é um pouco diferente. Os diretores da autoridade monetária acreditam que é necessário elevar os juros para conter as expectativas, até porque, consideram que a pressão na inflação não está limitada aos alimentos. Por conta da alta das commodities, os preços dos produtos industrializados estão pressionados no atacado e podem implicar repasse ao consumidor. Para evitar que isso não aconteça, o BC decidiu elevar os juros. Além disso, apesar do otimismo de Mantega, a autoridade monetária ainda tem dúvidas quanto ao descompasso entre oferta e demanda.
O ministro da Fazenda explicou ainda que vários países emergentes estão com inflação acima da meta por conta de pressões internacionais. ;Praticamente todos os países emergentes importantes estão com uma inflação acima das metas estabelecidas e acima da inflação brasileira;, comentou, dando como exemplo Chile, Islândia, África do Sul, República Tcheca. ;Estamos cumprindo metas e com a economia aquecida. Alguns países estão com inflação maior e crescimento menor;, acrescentou.
Mantega apresentou o cenário de mercado que a inflação desacelera no final deste ano, ficando mais alinhado às metas em 2009 e 2010. Esse é o cenário que os técnicos da Fazenda também trabalham e, por isso, defendiam uma elevação da taxa básica dos juros (Selic) de 0,5 ponto percentual.