Jornal Correio Braziliense

Economia

Mais de um milhão de famílias têm problemas com hipoteca nos EUA

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Mais de um milhão de famílias nos Estados Unidos enfrentaram processos de execução hipotecária no final do primeiro trimestre de 2008, informou nesta quinta-feira (05/06) a Associação de Banqueiros Hipotecários (MBA, na sigla em inglês). Tanto a porcentagem de execuções hipotecárias quanto de atrasos de pagamentos são os maiores registrados pela associação desde o início da série histórica, em 1979, e afetam especialmente os estados da Califórnia, da Flórida, do Texas, de Michigan e de Ohio. A instituição, que advertiu que a crise hipotecária nos EUA poderia continuar se deteriorando, disse que dos 45 milhões de empréstimos hipotecários concedidos por seus membros, 2,47% se encontrava em processo de execução no final do primeiro trimestre do ano. No final do ano de 2007, essa porcentagem era de 2,04% e nos primeiros três meses do ano passado, de 1,28%. A porcentagem de casas com atrasos em seus pagamentos foi de 6,35% no primeiro trimestre, número superior em comparação com 5,82% dos três meses anteriores. Despejos O vice-presidente de pesquisas da associação, Jay Brinkmann, disse que a queda nos preços dos imóveis foi o fator que mais contribuiu para o aumento nos despejos e na inadimplência no trimestre passado. Segundo ele, com a expectativa de mais quedas nos preços das casas, tanto as execuções hipotecárias como a inadimplência devem continuar a subir. "O problema número um é a queda nos preços das casas", disse Brinkmann. "Em outros tempos você poderia vender uma casa. Mas como os preços caíram muito, em muitos casos, as pessoas deixam [a hipoteca do imóvel] ser executada." Depois de cinco anos de expansão acentuada, o mercado imobiliário sofreu uma queda profunda nos últimos dois anos. A queda afetou os preços e as vendas. Com isso, muitas pessoas ficaram devendo nas hipotecas um valor maior que o valor de mercado das próprias casas. A queda no mercado imobiliário causou uma crise no mercado de hipotecas de risco, que acabou por afetar o mercado de títulos de crédito de modo geral. Isso provocou uma onda de turbulência nos mercados financeiros, que ainda se faz sentir. A economia americana também foi afetada pela queda na atividade dos setores imobiliário e e construção, o que contribuiu para uma desaceleração da economia como um todo. O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) passou a cortar sua taxa de juros em setembro do ano passado, quando a crise hipotecária atingiu nível critico - mas, com o atual cenário de pressões inflacionárias, o banco deve interromper a queda de juros.