Economia

PIB pode chegar a 5,8%, mas consumo diminui

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postado em 08/06/2008 08:38
Na próxima terça-feira (10/06), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgará o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) referente ao primeiro trimestre do ano. As estimativas dos analistas apontam para crescimento entre 5,4% e 5,8%, quando comparado ao mesmo período de 2007, e expansão entre 0,6% e 1% frente aos últimos três meses do ano passado. Se confirmados, os números reforçarão a robustez da economia brasileira.

Mas os especialistas fazem uma ressalva: o PIB também sinalizará uma pequena desaceleração no consumo das famílias, dado importantíssimo para o Banco Central, que está em pleno processo de elevação dos juros. Uma demanda menor evitará que o Comitê de Política Monetária (Copom) seja obrigado a pesar demais a mão na definição da taxa básica (Selic).

;Mesmo com o aumento menor do consumo das famílias, o PIB do primeiro trimestre foi excelente;, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu de Freitas Gomes. Mas, segundo ele, o resultado poderia ter sido melhor não fosse a acomodação da indústria, que avançou apenas 0,4% no primeiro trimestre ante os três meses imediatamente anteriores, e o resultado negativo do setor externo, que comerá parte do saldo do PIB.

Por outro lado, as vendas do comércio se mantiveram elevadas, os investimentos ; fundamentais para a ampliação da oferta de mercadorias ; subiram aproximadamente 16% e a agricultura manteve o fôlego demonstrado no final do ano passado.

Inflação e juros
Para Elson Teles, economista-chefe da Concórdia Corretora, o resultado do primeiro trimestre será fundamental para garantir aumento entre 4,5% e 5% no PIB de todo o ano, pois, a seu ver, a partir do segundo semestre, a economia passará a andar em um ritmo mais lento impactada por dois fatores. Primeiro: a alta da inflação, que vem comendo parte do poder de compra dos brasileiros, especialmente os das camadas mais pobres, vítimas maiores da disparada dos alimentos. Segundo: a elevação das taxas de juros, que já está encarecendo o crédito.

Essa mesma avaliação é feita pela economista-chefe do Banco Real, Zeina Latif, que aposta em incremento final do consumo das famílias de 5,5%, índice inferior aos 6,8% projetados pelo BC. Ela prevê, inclusive, queda de 0,7% nesse indicador quando confrontados o primeiro trimestre deste ano com os três últimos de 2007. É com base nessa expectativa que Zeina se mantém menos pessimista sobre os rumos da inflação, a ponto de projetar um índice para este ano de 5%, apesar de a maioria dos analistas trabalhar com taxas entre 5,5% e 6%. Zeina também está mais otimista em relação à trajetória da Selic. Acredita que o Copom fará apenas mais duas altas de 0,5 ponto percentual cada, com o ajuste dos juros somando dois pontos e a taxa estacionando nos 13,25%.

2009 pior
Na avaliação de Arthur Carvalho Filho, da Ativa Corretora, independentemente do tamanho do aumento dos juros neste ano, o crescimento do PIB já está dado e ficará bem próximo dos 5%, para deleite do presidente Lula e do ministro da Fazenda, Guido Mantega. O estrago dos juros e da inflação será percebido, com toda a força, ao longo de 2009. Tanto que o economista-chefe do Unibanco, Marcelo Salomon, prevê expansão de apenas 3,4% no ano que vem. Será a fatura a ser paga pelo combate à inflação. Mas nada que impeça o país de, em 2010, com a inflação novamente sob controle e os juros recuando, voltar a crescer a níveis acima de 4%.

Vitória Saddi, analista da consultoria RGE Monitor, com sede em Nova York, ressalta que, mesmo com crescimento menor no segundo semestre deste ano e em 2009, o Brasil tem muito a comemorar, pois é o único país da América Latina que está conseguindo se expandir a taxas robustas sem explosão inflacionária. ;Os índices de preços no Brasil estão sob controle, devido à política austera conduzida pelo Banco Central. E, a depender do que ocorrer com a economia dos Estados Unidos, o crescimento de 2009 não será tão menor frente ao de 2008. Se os EUA não mergulharem na recessão, as exportações brasileiras vão se manter firmes e o país poderá até avançar acima de 4% no próximo ano;, diz.

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