postado em 10/06/2008 15:38
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, avaliou como "muito positivo" o resultado do PIB do primeiro trimestre, de crescimento de 5,8% na comparação com o mesmo período de 2007, mas alertou que o aperto na política monetária pode comprometer os resultados do segundo trimestre.
Monteiro afirmou que a alta da Selic, de 11,75% para 12,25%, decidida pelo Copom na semana passada teme, "coloca em risco os resultados do segundo semestre de 2008, em especial o desempenho da indústria, que dificilmente repetirá o mesmo ritmo do início do ano", quando registrou crescimento de 6,9% sobre os três primeiros meses do ano passado.
"Os dados do PIB refletem uma forte contribuição do setor industrial", disse Monteiro, citando também o crescimento da construção civil, impulsionada pela expansão do crédito imobiliário, o consumo das famílias, fortalecido pela melhor nos empregos e pelo aumento real dos salários, e o consumo do governo, que aumenta os gastos públicos.
Para Monteiro Neto, o segundo trimestre do ano continuará sendo um período de crescimento forte. "No entanto, esse aumento na taxa de juros certamente vai implicar numa desaceleração da atividade econômica no segundo semestre, ainda que não seja numa intensidade que comprometa o desempenho da economia em 2008." A CNI prevê um crescimento de 5% do PIB neste ano.
Dificuldades
O presidente da entidade também afirmou que, a alta dos juros e o real sobrevalorizado "em grande medida em função dos juros", para ele, já estão causando dificuldades ao setor industrial. "Está havendo um aumento significativo das importações, que poderá fazer uma parte da produção nacional se deslocar. E as exportações, sobretudo em algumas áreas de manufaturas, estão perdendo o fôlego. Tudo isso nos indica a possibilidade de que no segundo semestre a economia brasileira vai crescer menos", analisou Monteiro Neto.
O presidente da CNI não acredita, no entanto, que o aumento dos juros vá fazer os investimentos caírem significativamente, porque os investidores analisam as condições macroeconômicas no longo prazo. "Achamos que ainda teremos um crescimento elevado na taxa de investimento, mas não um resultado de 18,3% como tivemos no primeiro trimestre, mas ainda significativamente maior do que na taxa de crescimento da economia", afirmou. "Isso é muito importante, porque poderemos garantir o crescimento nos próximos anos. O investimento de hoje é o produto de amanhã."