Economia

Terceira crise do petróleo é mais violenta e perigosa que anteriores

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postado em 10/06/2008 16:01
Alta espetacular do preço do petróleo, países consumidores ameaçados pela recessão: a terceira crise petroleira possui mecanismos mais complexos que as de 1973 e 1979 e poderá ter conseqüências ainda mais violentas, afirmam os especialistas. "Entre 2003 e 2007, a alta dos preços do petróleo era forte, mas progressiva, e o valor do barril não havia superado o máximo de 1979 em valor real", ou seja, sem levar em contra a inflação, destacou Pierre Terzian, diretor da revista francesa Pétrostratégies. "Contudo, desde o primeiro trimestre de 2008, a alta foi tão acentuada e os níveis dos preços tão elevados que podemos falar de uma crise petroleira", acrescenta Terzian. Foram necessários cinco anos, de 2003 e 2007, para que o barril subisse de US$ 40 para US$ 90, mas apenas seis meses para que o 'ouro negro' passasse de US$ 100 - no início de 2008 - para quase US$ 140 na semana passada. Morgan Stanley prevê um barril a US$ 150 até o fim do verão no hemisfério norte, e o presidente da gigante russa Gazprom aposta em um barril a US$ 250 a longo prazo. 'Crise sem precedentes' "A economia européia e a economia mundial estão submetidas a uma crise com força sem precedentes", considerou o presidente francês Nicolas Sarkozy, na segunda-feira (09/06) No sábado, o secretário americano de Energia, Sam Bodman, também falou de um "choque". "Há alguns meses, tínhamos a impressão de que a economia mundial poderia absorver a alta. Mas desde o verão passado, supera a das crises anteriores", disse Véronique Riches-Flores, economista do banco francês Société Générale. "Até agora, as economias resistiram porque a participação dos custos petroleiros nos setores produtivos tem baixado amplamente desde os anos 70: 80% do consumo mundial vêm do transporte, da petroquímica e do setor residencial, os outros setores utilizam muito pouco petróleo", complementou Pierre Terzian, da revista Pétrostratégies. Natureza política As duas primeiras crises do petróleo foram de natureza política e diziam respeito à oferta: o embargo da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) em 1973, a perturbação da produção do Irã em 1979. A de 2008 possui também "fatores políticos que afetaram a oferta: a greve da indústria petroleira na Venezuela em 2002-2003, a guerra no Iraque, e os problemas políticos na Nigéria", assinalou Pierre Terzian. Explosão da demanda Contudo, a "grande novidade é a explosão da demanda dos países emergentes e a implicação dos atores financeiros", que investem maciçamente nas matérias-primas e no petróleo para compensar a baixa das bolsas e do dólar, disse o diretor da Pétrostratégies. Nos países como China e Índia, a demanda não dá sinais de debilidade apesar dos preços elevados do combustível, já que o "ouro negro" é amplamente subsidiado pelos governos. Os países produtores, principalmente os da Opep, se negam a acelerar seus esforços de investimento nas infra-estruturas petroleiras, além de afirmar que o mercado está bem abastecido. Terzian denuncia ainda "a inércia" dos países desenvolvidos, que não adotam "nenhuma medida rápida para reduzir a demanda", enquanto que os Estados Unidos "continuam ameaçado os estoques estratégicos".

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