Economia

Preço do transporte marítimo dispara e bate recorde

;

postado em 13/06/2008 12:12
O aumento dos combustíveis, as desavenças entre siderúrgicas chinesas e mineradoras brasileiras, as inéditas exportações de cereais norte-americanos e os engarrafamentos nos portos impulsionam os preços do transporte marítimo a níveis recordes há um mês. Os grandes navios de carga que transportam carvão, cereais ou minério de ferro por todos os mares do planeta nunca pagaram tão caro pela viagem: o índice composto BDI (Baltic Dry Index) - média dos preços de 24 rotas mundiais de transporte de matérias-primas secas - chegou no dia 20 de maio a 11.793 pontos, um recorde histórico, e permanece ainda próximo a esse nível. O BPI (Baltic Panamax Index) - média de sete rotas, a maioria das quais envolve cereais - também chegou em 20 de maio a 11.425 pontos, um patamar jamais alcançado antes. Os armadores petroleiros também têm razões para estar satisfeitos: no início da semana, o índice Baltic Clean Tanker Index, média dos preços em cinco rotas de produtos refinados (gasolina, gás liquefeito, combustível para calefação, entre outros), alcançou quinta-feira 1.487 pontos, um nível máximo em dois anos e meio. A vitalidade do tráfego marítimo surpreendeu muitos analistas. Após terem chegado a níveis históricos durante o outono no hemisfério norte, os índices desabaram no início do ano e perderam a metade de seu valor. Mas depois "os fretes subiram, superando seus recordes do final de 2007, sustentados por uma forte demanda subjacente por matérias-primas", disse a analista Helen Henton, do banco Standard Chartered. Para Sverre Svenning, do agente marítimo Fearnleys, a primeira razão para esta brutal aceleração dos preços se deve à escalada das cotações do petróleo, que subiu cerca de 40% desde o início do ano e alcançou o recorde de 139,12 dólares o barril há uma semana. "A alta do transporte marítimo se deve aos custos. Se o combustível aumenta 10 dólares por tonelada, o custo do transporte aumenta US$ 1.000 por dia para um superpetroleiro e US$ 500 para um cargueiro", disse. A forte recuperação da atividade siderúrgica é citada também como um fator essencial para o aumento dos preços do transporte marítimo. A partir do mês de março, após um período de estagnação da produção no final de 2007 e início de 2008, "as siderúrgicas de tamanho médio entraram novamente em ação, devido a uma forte alta dos preços do aço, que os tornou novamente rentáveis", explicou James Leake, analista do agente marítimo Icap Hyde. Para completar o quadro, as exportações de cereais alcançaram níveis recorde, e os Estados Unidos se tornaram o maior produtor do mundo, após uma série de colheitas desastrosas na Europa, na Austrália e na Argentina, onde o problema se agravou devido ao conflito entre o campo e o governo. Além disso, a frota marítima é apenas suficiente para satisfazer uma demanda de transporte em pleno desenvolvimento, impulsionado pela industrialização chinesa. Finalmente, os problemas nos portos da Austrália, um dos principais produtores de carvão e minério de ferro e um grande fornecedor para o Extremo Oriente, exacerba as tensões sobre a oferta de navios. Nesse contexto, explicou Leake, apenas um fator basta para fazer os preços saltarem. Mas agora "temos todas as razões que podemos imaginar de uma vez", afirmou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação