postado em 17/06/2008 19:24
A venda da fabricante americana de cerveja Anheuser-Busch (AB, dona da marca Budweiser) à belgo-brasileira InBev deve enfrentar a oposição de senadores americanos, a julgar pelas declarações dos congressistas nesta terça-feira (17/06).
"Eu disse que sou veementemente contra essa venda" disse a senadora democrata Claire McCaskill, do Estado do Missouri (onde fica a sede da cervejaria), após encontro com o executivo-chefe da InBev, Carlos Brito. Ela acrescentou que fará tudo em seu poder para impedir o negócio.
Ela disse que se preocupa com os planos de pensão dos funcionários da Anheuser-Busch e com os cortes de empregos que podem eventualmente ocorrer. "É uma má idéia. Eu não quero que (a InBev) a compre. O povo de Missouri não quer que a compre", afirmou a senadora, segundo o diário americano "St. Louis Business Journal".
Ela disse esperar que a AB "veja o que esse negócio significa para a empresa e a cultura" americana e rejeite a oferta, e que irá enviar uma carta à diretoria da AB pedindo que não aceitem o negócio. A senadora, no entanto, reconheceu ter pouco poder para impedir que o negócio prossiga.
Amanhã, o senador - também pelo Estado de Missouri - Kit Bond deve se encontrar com Brito, da InBev. Em um comunicado, o senador disse que a venda da Anheuser-Busch "é uma má idéia, é amplamente contrária ao que quer a comunidade e vou manifestar forte oposição".
Análise da proposta
Em uma carta enviada no último dia 12 à Câmara Federal de Comércio, (FTC, na sigla em inglês), Bond pediu uma análise da proposta feita pela InBev. Na carta ele diz que o negócio "levanta questões antitruste ao colocar uma parte significativa do mercado nas mãos de poucos competidores". "Os serviços prestados (pela Anheuser-Busch) ao (estado do) Missouri não são limitados aos milhares de empregados ou às inúmeras empresas suas fornecedoras, mas também como uma força de ações cívicas e de caridade à comunidade." O governador do Estado do Missouri, o republicano Matt Blunt, também pediu à FTC uma revisão da proposta.
Brito disse que as duas empresas farão uma boa combinação e que a InBev não tem tradição de cortar empregos após aquisições. Ele não fez comentários sobre se a empresa fará uma oferta hostil à Anheuser-Busch, acrescentando que não há uma data limite para que a diretoria da companhia americana decida sobre o negócio.
Ele disse ainda que o preço oferecido à AB --US$ 65 por ação, em uma operação estimada em cerca de US$ 46 bilhões-- é justo. "É um preço justo, é um preço cheio e é isso", disse.
Grupo Modelo
A InBev reiterou neste domingo (15/06) sua oferta à Anheuser-Busch depois das notícias de que a empresa sondou o mexicano Grupo Modelo (que fabrica a cerveja Corona) buscando uma aproximação.
Na semana passada o diário americano "The Wall Street Journal" informou que a Anheuser-Busch entrou em negociações preliminares com o Grupo Modelo sobre uma eventual união das duas empresas, como forma de fazer oposição à oferta não-solicitada feita pela InBev.
A AB já possui uma participação de quase 50% no Grupo Modelo. Caso adquira o restante da empresa, a AB se tornaria cara demais para ser comprada pela InBev, diz o diário americano.