Economia

Coutinho diz que Selic pode cair após controle da inflação

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postado em 17/06/2008 19:49
O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, disse nesta terça-feira (17/06) que há espaço para que a taxa de juros Selic caia a níveis semelhantes ao que é praticado no México. Ele ressaltou que isso só poderá acontecer quando a alta dos preços dos alimentos cessarem, e a inflação estiver mais controlada. A taxa real (descontada a inflação) mexicana atual é de 2,6%, e a brasileira alcança 6,9% (também real). A opinião de Coutinho foi compartilhada pelo ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, que disse acreditar que a taxa possa chegar a um patamar de 4% em "um tempo não muito distante". "Não vejo porque não esperar que a taxa de juros caia para níveis semelhantes aos do México. Não temos que ter complexo, passada essa fase, acredito que ela vai cair", comentou Fraga. Coutinho lembrou que o governo está "muito preocupado" com a alta da inflação, e acrescentou que o presidente Lula deverá anunciar, em breve, medidas para a promoção de oferta de alimentos, para que sejam mitigadas pressões internas, e também em alguns lugares do mundo. "Não sei quanto tempo vai durar a pressão internacional de preços sobre commodities. Ainda há aceleração, esperamos que isso, em algum momento, pare", afirmou Coutinho. Em seminário sobre financiamento de longo prazo, na sede do BNDES, Armínio Fraga sugeriu que a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) deixe de ser utilizada como indexador dos empréstimos feitos pelo banco. Coutinho admitiu essa possibilidade, e disse que há idéias ainda especulativas sobre a questão, que ainda não estão amadurecidas. "É uma matéria que estamos estudando também. Mas quero deixar claro que jamais faremos qualquer mudança que crie insegurança nos contratos já realizados. Não vamos produzir nenhuma incerteza sobre contratos já feitos. Se formos mudar regras, faremos isso de maneira muito cuidadosa, apenas para ter um outro tipo de regra melhor da que já existe hoje", observou. Coutinho negou ainda que haja intenção de aumentar a TJLP. Segundo ele, a taxa vai ficar estável porque traduz a confiança de que a economia brasileira manterá estabilidade de preços. "Estamos passando por um período de pressões transitórias, a inflação será mantida sob controle, e portanto, não faz sentido mexer numa variável de longo prazo", acrescentou. Estímulo ao investimento O estímulo ao investimento foi a medida defendida pelo presidente do BNDES garantir estabilidade futura da oferta e de preços. Para Coutinho, o ciclo de investimento deve ser sustentado, mesmo que se opte por crescer de forma mais lenta. "Não devemos refrear o investimento. Quando o consumo cresce aceleradamente, cria um descompasso, e às vezes, é preferível crescer um pouco mais devagar, calibrar o crescimento e crescer de forma mais consistente com o aumento da oferta", afirmou.

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