Economia

Inflação medida por IGPs tende a desacelerar, aponta FGV

;

postado em 18/06/2008 15:34
A inflação medida pelos Índices Gerais de Preços (IGPs) está chegando ao pico, e deve desacelerar daqui para frente, ainda que se mantenha em patamares mais altos do que no passado recente. A conclusão é do economista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Salomão Quadros, responsável pelo Índice Geral de Preços-10 (IGP-10), que subiu 1,96% em junho, a maior alta desde fevereiro de 2003, quando o índice teve elevação de 2,42%. Para Quadros, a alta de alguns produtos, como minério de ferro, arroz e derivados de grãos, ao longo dos últimos meses, está perdendo força, e a desaceleração desses itens terá impacto maior do que a elevação de outros. "Tenho impressão que estamos chegando em um momento de pico nos IGPs. Tem várias pressões que não devem se repetir. Não é que não venham outras. Mas de um modo geral, o impacto maior será de produtos que vão desacelerar", afirmou. A metodologia aplicada na apuração do IGP-10 é a mesma do IGP-M e do IGP-DI - usados no reajuste, por exemplo, de contratos de aluguel -, também apurados pela FGV, com a única diferença de ter um período de coleta diferente. O IGP-10 é calculado com base nos preços coletados entre os dias 11 do mês anterior e 10 do mês de referência. O resultado do IGP-10 de junho teve influência das três áreas pesquisadas (preços no atacado, ao consumidor e para a construção civil). No atacado, a alta de 2,21% voltou a ter influência dos produtos in natura. Depois de caírem 6,10% em maio, tiveram elevação de 8,03% em junho. O destaque foi o feijão, que subiu 20,95%, depois de queda de 9,89% em maio. No ano, o feijão acumula queda de 3,74%, mas nos últimos 12 meses, tem alta de 145%. Quadros disse que a tendência é que o preço do feijão continue subindo. O economista explicou que a demanda está pressionando a oferta, que, no momento, é insuficiente. Os ovos subiram 12,33%, após queda de 10,13% no mês passado. Outra alta que pressionou os preços no atacado foi de bens intermediários, que subiu 1,11%, influenciada por veículos pesados (2,56%), máquinas e equipamentos (0,83%) e escavadeiras (1,40%). Salomão Quadros destacou que a demanda por investimentos é bastante alta, e está se refletindo nos preços desses itens. "Os investimentos são generalizados, mas há problemas de oferta de máquinas e de componentes de equipamentos", observou. Para o consumidor, cuja inflação teve alta de 0,93% - ante 0,67% em maio - houve influência de produtos in natura, como a cenoura (23,67%), batata-inglesa (18,63%) e tomate (11,09%). O arroz subiu 18,27%, e a carne bovina registrou elevação de 5,14%. INCC Os preços medidos pelo Indice Nacional de Custo da Construção (INCC) aumentaram 2,66%, após alta de 0,85% em maio. É a maior elevação desde junho de 2003, quando o índice havia crescido 3,20%. O custo de mão-de-obra, com alta de 3,69%, teve influência decisiva nesse resultado, devido a reajustes salariais em Fortaleza, Brasília, Goiânia, Florianópolis e São Paulo. Houve também pressão dos custos de serviços, com elevação de 1,40%, e de materiais, que subiram 1,76%. Quadros ressaltou que o aumento de alguns insumos utilizados pela construção está chegando ao consumidor. "Há uma mistura de pressão dos custos com a demanda aquecida. O pico foi pelos reajustes salariais, mas os custos dos materiais ajudam a impactar o índice", comentou.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação