postado em 18/06/2008 15:49
O índice de indústrias com intenção de investir atingiu 95% na pesquisa Sondagem da Indústria da Transformação sobre investimentos, realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Trata-se do maior índice da série histórica da pesquisa, iniciada em 1998.
Para o vice-diretor do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV, Vagner Ardeo, a indústria consegue assim responder efetivamente ao aumento da demanda interna, o que vinha preocupando o setor.
Outra novidade é que o investimento se concentra cada vez mais na ampliação da capacidade instalada (passou de 47% em 2007 para 56% em 2008), em detrimento dos investimentos em aumento da produtividade (de 34% para 28%).
"O investimento em aumento de produtividade é a primeira reação para solucionar gargalos, e agora está diminuindo", disse Ardeo. "Agora eles efetivamente ampliam a capacidade." Ou seja, as indústrias estão deixando de lado uma alternativa "paliativa" para uma solução definitiva.
Coincidentemente, o setor de bens de consumo - o mais afetado pelo aumento da demanda interna - é o que mais planeja investimentos em aumento da capacidade produtiva. 62% das indústrias desse setor sinalizaram nesse sentido, contra apenas 43% na pesquisa do ano passado.
Ainda de acordo com a sondagem, 74% das empresas pesquisadas disseram não ter dificuldades para realizar investimentos.
Carga tributária
Para os 26% restantes, o motivo maior de inibição de investimentos é a alta carga tributária, citado por 50% deles. Em seguida ficaram o custo de financiamento (30%), a limitação de recursos (30%), a taxa de retorno inadequada (16%), a incerteza sobre a demanda (11%) e a limitação de crédito (10%).
"São coisas que normalmente não se resolvem no curto prazo", disse Ardeo. Porém, em relação ao ano passado, notou-se que aumentou o número de empresas citando o custo de financiamento (de 18% para 30%) como limitador --efeito da alta da taxa de juros-- e caiu o de incerteza de demanda (de 32% para 11%), sinal do aquecimento da economia.
(b>Esgotamento mais distante
A quantidade inédita de empresas com planos de expansão ou melhoria em seus parques industriais é um dos motivos centrais para reduzir o temor de esgotamento da capacidade instalada, o que preocupava o setor na virada do ano, disse Ardeo.
"Até a pesquisa anterior, havia um forte temor de esgotamento. Essa percepção reduziu-se, fruto da maturação dos investimentos em curso", disse o economista.
Na última vez que a FGV questionou indústrias sobre o risco de esgotamento da capacidade instalada, em janeiro deste ano, 31% apontaram essa possibilidade. Agora esse índice ficou em 27%.