postado em 19/06/2008 18:17
A Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) recuou para o seu menor nível (em pontos) desde 29 de abril. Nesses dois últimos pregões, a Bolsa acumula perdas de quase 3%. Hoje, a Bolsa foi arrastada pelas fortes quedas nas ações da Petrobras.O Ibovespa, termômetro dos negócios, fechou com queda de 0,72% a aos 66.590 pontos.
Segundo profissionais de mercado, os papéis da petrolífera foram vítima da retração nas cotações da commodity, bem como o clima de pessimismo dos investidores com a economia global: nos EUA, o setor financeiro continua frágil, enquanto vários dos principais bancos centrais do mundo acenam com uma onda de aperto monetário (alta dos juros básicos de uma economia), o que não é favorável para os mercados acionários.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex, na sigla em inglês), o barril da commodity foi cotado a US$ US$ 131,92 - baixa de 3,47% nesta quinta-feira. O Ibovespa, termômetro dos negócios da Bolsa paulista, cedeu 0,75%, para os 66.590 pontos. O giro financeiro é de R$ 5,60 bilhões.
A ação preferencial da Petrobras, com giro de R$ 1,16 bilhão, retraiu 3,19%, para R$ 43,95, enquanto a ordinária, com movimento de R$ 174 milhões, perdeu 3,25%, para R$ 53,50, neste pregão.
Fábio Arazaki, orientador de investimentos da corretora Petra, também atribuiu às perdas da Bolsa à notícia de que pelo menos dois grandes bancos de investimentos rebaixaram suas recomendações às ações brasileiras, dada a perspectiva de crescimento reduzido das economias emergentes. "Foi um acúmulo de fatores que levaram a queda dessas ações (da Petrobras). A recomendação de "Brasil´ foi rebaixada para "neutro´, e o fato de que o preço do barril caiu muito também ajudou", afirma. Para grandes investidores, as ações da petrolífera, devido a sua liquidez, são uma costumeira "porta de saída" em momentos de maior aversão ao risco.
O dólar comercial foi trocado por R$ 1,604 na venda, em retração de 0,18%. A taxa de risco-país marca 188 pontos, número 3,09% inferior à pontuação final de ontem. Para profissionais de mercado, a taxa deve atingir R$ 1,59 nesta sexta-feira.
"O mercado continua preocupado com as grandes questões internacionais, como a alta do preço do petróleo. Agora, o dólar já vem há muito tempo com uma tendência de queda, e nesta semana, o fluxo de entrada de recursos está muito forte", comenta Roberto Moraes, gerente da mesa de câmbio da corretora Advanced (ex-Action).
Europa e EUA
Na Europa, as ações do setor bancário e de tecnologia derrubaram as principais Bolsas de Valores do continente, como Londres (baixa de 0,84%) e Frankfurt (queda de 0,11%). Nos EUA, a Bolsa de Nova York cedeu durante boa parte do pregão, mas inverteu o "viés" no fechamento e subiu 0,28%.
Entre as principais notícias do dia, o Departamento do Trabalho dos EUA revelou que o número de pedidos iniciais de auxílio-desemprego caiu em 5mil na semana encerrada no último dia 14, ficando em 381 mil solicitações iniciais do benefício. Economistas do setor financeiro projetavam uma queda maior, indo a 375 mil solicitações para o período. Em um dia de agenda econômica esvaziada, investidores e analistas devem monitorar as cotações do barril do petróleo, principal insumo mundial e fator de inflação global.
Doméstico
No front doméstico, o destaque ficou por conta da reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a equipe econômica para discutir novas medidas contra a alta dos preços. Analistas do setor financeiro comentaram sobre a possibilidade do governo elevar o depósito compulsório dos bancos, de modo a refrear a concessão de crédito, visto como um dos principais motores da alta recente de consumo. O mercado local também foi afetado hoje por boatos de que a Vale do Rio Doce pode fazer uma proposta pela concorrente Anglo American. A empresa já desmentiu a informação.