Economia

Governo argentino planeja criar IOF

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postado em 20/06/2008 08:58
A presidente argentina, Cristina Kirchner, que nesta quinta-feira (19/06) completou cem dias de conflito com o setor rural, agora pretende se voltar contra a rebelde classe média, que desde março realizou diversos panelaços contra seu governo. Circunstancial aliada dos ruralistas nos protestos dos últimos três meses - e persistente eleitora da oposição -, a classe média pode ser alvo de um imposto sobre operações financeiras (IOF). Nos últimos dias, esse setor da sociedade foi constantemente criticado pela presidente. A intenção de criar o imposto - o que, segundo fontes do mercado, já está levando correntistas a cancelar aplicações de renda fixa e comprar dólares - foi revelada pelo chefe do gabinete de ministros, Alberto Fernández, braço direito da presidente na área política. "Há assuntos pontuais sobre os quais deveríamos trabalhar. Por exemplo, a questão da renda financeira", disse Fernández em entrevista coletiva. Horas depois, ele negou que o governo analise tal medida. "É um delírio", disse. "Nazistas" Em outra declaração polêmica, Fernández definiu como "nazistas" os líderes ruralistas. O chefe do gabinete acusou os produtores agrícolas de utilizar métodos similares aos dos nazistas para pressionar congressistas a votar contra o projeto de lei do governo que impõe altos impostos sobre as exportações de produtos agropecuários. As declarações foram feitas pouco depois que os líderes ruralistas anunciaram que neste fim de semana começarão a reunir-se com deputados e senadores para convencê-los a votar contra o projeto. Congressistas de províncias agrícolas que estejam a favor dos impostos serão alvo de "escraches" (manifestações personalizadas, diante da casa dos alvos dos protestos). "Isso é espantoso, coisa de nazistas", disse Fernández. O projeto de lei será encaminhado na semana que vem às comissões da Câmara, que depois marcarão a data da votação. Analistas políticos afirmam que o desenlace mais provável é que o Congresso aprove uma lei de consenso, eqüidistante das exigências dos ruralistas e das ambições de Cristina.

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