postado em 21/06/2008 10:04
O aumento da inflação captado no Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) trará conseqüências ao bolso do consumidor. O índice é o principal indexador do mercado para reajustar os preços de aluguéis e a variação é a mais elevada desde dezembro de 2002. No segundo decêndio deste mês, coletado no intervalo entre 21 de maio e 10 de junho, o IGP-M variou 1,83%, contra 1,54% registrados na coleta anterior, segundo divulgou nesta sexta-feira a Fundação Getúlio Vargas (FGV).
No acumulado do ano a inflação chega a 6,66% e nos últimos 12 meses, a 13,27%, a maior desde 2003, quando foi registrada uma variaçao de 28,68% até junho. No mesmo período de 2007 a variação acumulada em 12 meses era de 9,40%. "A demanda está muito aquecida e os aluguéis vão continuar subindo", afirma o diretor-executivo da Câmara de Valores Imobiliários (CVI) do Distrito Federal, Antônio Bartasson.
A saída para o locatário evitar os aumentos é tentar negociar, segundo o coordenador de análises econômicas da FGV, Salomão Quadros. "Sem dúvida é um fator que vai encarecer o imóvel, porque os aluguéis estão subindo com o aquecimento econômico, mas é possível negociar com o proprietário para que o reajuste não seja tão elevado", orienta.
A maior contribuição para o aumento do índice foi dada pelos valores no atacado. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que responde por 60% do IGP-M, variou 2,05% no segundo decêndio, contra 2,02% na coleta anterior. No acumulado do ano está em 7,78% e nos 12 meses, em 16,87%. Os produtos agrícolas são os principais vilões. Subiram 36,19% em 12 meses, contra 10,75% dos industriais. "O alimento é a causa inicial, mas com a economia aquecida com o tempo as pressões têm se alastrado", afirma Quadros.
Na última coleta, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC), que responde por 30% do IGP-M, variou 0,78%, contra 0,47% do período anterior. Já o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), que responde pelos outros 10%, subiu 2,48%, contra 0,82%. Mas nos próximos meses os reajustes devem chegar com mais força ao consumidor final. "A tendência é que os aumentos comecem a ser repassados com mais intensidade ao consumidor, mas o governo deve aumentar juros para tentar contê-la (a inflação)", afirma o professor das Faculdades Integradas Rio Branco, o economista Antônio Cândido de Azambuja.