Economia

Preço de bens de capital importados sobe 10% no ano

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postado em 21/06/2008 21:11
Os bens de capital importados em 2008 estão com preços médios 10% superiores aos registrados no ano passado. O reajuste de preço do minério de ferro, a demanda mundial aquecida por máquinas e equipamentos e o dólar desvalorizado estão entre os fatores de pressão para alta dos preços no exterior. No Brasil, as importações cresceram 47,6% nos cinco primeiros meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado. O porcentual mostra uma tendência de alta no ritmo de crescimento das compras no exterior, uma vez que no ano passado o aumento foi de 32,7%, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex). O presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Indústrias (Abimei), Thomas Lee, diz que o aumento do preço do minério de ferro no exterior, principal matéria-prima para a fabricação de máquinas, já está sendo repassado. Ele observa um reajuste médio de 10% a 15% nas encomendas de máquinas e equipamentos importados nos primeiros meses do ano, principalmente dos países asiáticos. Até o final do segundo trimestre, Lee prevê novo reajuste de, pelo menos, mais 5%. Dados de abril da Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex) apontam a curva de alta nos preços. Enquanto no acumulado dos quatro primeiros meses do ano, os preços dos bens de capital importados aumentaram 10%, em abril sobre o mesmo mês de 2007 o crescimento chega a 11,2%. Em todo o ano passado, o avanço foi de apenas 2,9%, na comparação com 2006. Além da pressão da matéria-prima mais cara, outro fator indutor de alta dos preços das máquinas e equipamentos é o dólar. "Estamos sentido na carne a elevação dos preços lá fora, principalmente pela valorização do yuan (moeda da China) e do dólar taiwanês", diz Paulo Lerner, diretor da Bener, empresa comercial importadora e exportadora do segmento de usinagem, que compra bens de capital principalmente no mercado asiático. Segundo Lerner, os preços das máquinas importadas da China e de Taiwan estão chegando ao Brasil com altas médias de 10% a 15%. "Ainda temos estoques com o preço antigo, mas a reposição já está vindo com o preço novo", conta, creditando o reajuste à valorização das moedas asiáticas ante o dólar e à alta nos preços dos derivados do aço. Com metodologia diferente da Secex, o levantamento da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq) confirma o aumento das importações. Nos seus cálculos, nos quatro primeiros meses do ano a alta foi de 45,6% sobre o mesmo período do ano passado, totalizando US$ 6,230 bilhões. A previsão da entidade é de que o déficit comercial do setor seja de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões neste ano, ante US$ 4,5 bilhões de 2007. "Há uma clara evidência de que as importações estão aumentando para atender à demanda interna", afirma o presidente da Abimaq, Luiz Aubert Neto. O dirigente diz, porém, que pelo menos "50% das importações são do mal". "As máquinas chinesas são as que mais causam estragos, pois possuem baixo valor agregado e entram com preços inferiores ao custo da matéria-prima, o aço", declara. E são justamente as máquinas dos países asiáticos que registram o maior crescimento no abastecimento do mercado brasileiro. Nos quatro primeiros meses do ano, a Abimaq apurou um aumento acima da média geral das importações originárias da China ( 88,1%), do Japão ( 75,7%), da Coréia do Sul ( 66,4%) e de Taiwan ( 61,2%). "Há dez anos, os chineses não estavam nem entre os dez principais fornecedores de máquinas para o Brasil e a nossa previsão, agora, é de que se tornem neste ano o segundo maior exportador para o mercado brasileiro", afirma Aubert, da Abimaq.

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