Economia

Conta de luz ficará mais cara no país

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postado em 25/06/2008 08:23
O uso de usinas térmicas para poupar a água das hidrelétricas no início deste ano custou mais de R$ 1 bilhão e já começou a ser pago pelos brasileiros, com aumentos de 0,7% a 1% nas contas de luz. O rateio está previsto nas regras do setor elétrico, mas para o instituto Acende Brasil, que representa investidores privados em energia, esse valor é muito superior ao que seria necessário e é motivado por decisões políticas, não técnicas. Distribuidoras do Nordeste e do Rio Grande do Sul já foram autorizadas pela Agência Nacional de Energia Elétrica a repassar a fatura aos consumidores. Os brasilienses vão conhecer sua parte em agosto, quando sai o índice da CEB. ;O governo passou por cima do Operador Nacional do Sistema, que recomendou o uso das térmicas por quatro semanas, e manteve tudo ligado por 17 semanas. O custo de faltar energia é alto, mas isso não quer dizer que qualquer decisão pode ser tomada. Corremos o risco de ver politizada uma decisão que é técnica;, reclama o presidente do Acende Brasil, Claudio Sales. A grande reclamação é que o governo nunca apresentou os estudos que teriam sustentado a decisão de manter ligadas, até o início de maio, todas as termelétricas do país ; as do Nordeste, onde os problemas começaram primeiro, estavam funcionando desde dezembro. Essa decisão, como explicou o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, foi tomada por ;excesso de zelo;. De fato, o cenário em janeiro era de alerta, apesar das repetidas negativas do governo federal de que não havia nenhum risco de falta de energia. É que o sistema brasileiro gera 80% da eletricidade em hidrelétricas, mas as poucas chuvas desde o fim do ano passado causaram uma queda gradativa no nível dos reservatórios. ;Em 23 de janeiro o risco de racionamento era alto, de 22%, reconhecido pelo governo;, lembra Sales. Ordem Como conseqüência do cenário adverso ; havia esperança nas chuvas, mas elas não chegavam ; ainda em dezembro o governo deu poderes especiais para o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). O órgão, presidido pelo ministro, poderia determinar o acionamento de térmicas fora da ;ordem de mérito;, um jargão do setor para que as usinas só sejam ligadas quando o preço da energia no mercado de curto prazo for superior ao custo de uma termelétrica específica. Em geral, o Operador Nacional do Sistema elétrico (ONS), que coordena e controla a geração e transmissão de energia no país, só manda uma térmica ser acionada ao ponderar o nível dos reservatórios com o preço da eletricidade. Mas com a decisão do comitê de monitoramento, todas as térmicas disponíveis entraram no sistema. E mesmo quando as chuvas começaram ; e choveu 27% acima da média histórica do período ; o governo achou prudente mantê-las em atividade. Do ponto de vista da segurança, funcionou. O risco de faltar energia despencou e hoje está dentro dos 5% aceitáveis pelo modelo. O custo, porém, foi 10 vezes superior à média do que os brasileiros estão acostumados a pagar pelo uso de térmicas em períodos sem chuva. Entre 2003 e 2006 essa média foi de R$ 145 milhões, em 2007, apenas R$ 27 milhões.

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