postado em 27/06/2008 19:01
O reajuste de quase 8% no valor do Bolsa Família não irá impedir o governo de fazer uma economia recorde neste ano para pagar os juros da dívida, o superávit primário. Essa é a avaliação do secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin.
Dados divulgados hoje pelo Tesouro mostram que o superávit primário acumulado até maio pelo governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência) chegou a R$ 53,6 bilhões. Esse valor equivale a 4,69% do PIB (Produto Interno Bruto, soma das riquezas produzidas no país).
A meta de superávit para o ano é de R$ 62,6 bilhões. O governo precisa ainda economizar R$ 14,2 bilhões (0,5% do PIB) para fazer a poupança que será utilizada no Fundo Soberano do Brasil.
Segundo Arno, a tendência agora é de uma redução no superávit ao longo do ano, por conta do aumento de gastos e investimentos. Mesmo assim, o secretário diz que o reajuste dos servidores e do Bolsa Família não irão ameaçar as contas do governo.
"O efeito do Bolsa Família não vai mudar essa tendência. É uma despesa de pouco menos de R$ 400 milhões", disse.
Para o reajuste dos servidores, serão mais R$ 7,5 bilhões, valor equivalente ao corte de gastos nos ministérios (R$ 2,4 bilhões) e ao aumento no pagamento de dividendo das estatais (R$ 5 bilhões) anunciado no início da semana pelo Ministério do Planejamento.
Resultado de maio
O superávit primário do governo central caiu de R$ 16,9 bilhões em abril para R$ 5,5 bilhões em maio. Segundo o Tesouro, essa queda é sazonal e supera o resultado de maio do ano passado (R$ 4,2 bilhões).
"Para um mês de maio, o superávit é bastante significativo", disse Arno. No mês passado, o Tesouro registrou um superávit de R$ 8,3 bilhões. O Banco Central e a Previdência tiveram déficit de R$ 19,1 milhões e R$ 2,8 bilhões, respectivamente.
As receitas caíram de R$ 53,1 bilhões para R$ 42,9 bilhões na comparação entre abril e maio. Já as despesas do governo subiram de R$ 36,2 bilhões para R$ 37,4 bilhões.
Ele voltou a negar que o governo esteja aumentando os gastos públicos, que estariam crescendo menos que o aumento estimado para o PIB.
Receita líquida
No ano, as receitas líquidas do governo subiram 17,26%, para R$ 234,9 bilhões, impulsionadas pela arrecadação de impostos. As despesas subiram 9,14%, para R$ 181 bilhões. No mesmo período de 2007, as receitas cresceram 13,6% e as despesas, 13,3%.
Os investimentos acumulados em cinco meses passaram de R$ 5,996 bilhões em 2007 para R$ 7,431 bilhões em 2008, um aumento de 24%. Em relação ao PPI (Projeto Piloto de Investimento), que pode ser abatido do superávit, foram gastos R$ 2,3 bilhões neste ano.
Na próxima segunda-feira será divulgado o superávit primário do setor público, que também inclui as contas dos estados, municípios e estatais. A meta, nesse caso, é de 4,3% do PIB, sendo 0,5% destinado ao Fundo Soberano do Brasil.