postado em 28/06/2008 09:27
O Índice Geral de Preços do Mercado (IGP-M), indicador calculado pela Fundação Getúlio Vargas utilizado no reajuste dos aluguéis, foi de 1,98% em junho. É o maior valor desde fevereiro de 2003, quando a taxa havia sido de 2,28%. A marca foi superior à média esperada pelos cerca de 100 analistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central, que a estimavam em 1,77%, e representou uma significativa aceleração dos preços em comparação com a maio (1,61%). O resultado demonstrou, mais uma vez, que o país está mesmo passando por uma significativa deterioração do valor de compra do real.
;Muita gente esperava uma desaceleração no índice, com uma redução no ritmo de crescimento, principalmente de alimentos. Mas os preços agrícolas no atacado ainda estão muito pressionados. O cenário inflacionário piorou um pouco mais;, afirmou o economista Gian Barbosa, da consultoria Tendências. No primeiro semestre, o IGP-M ficou em 6,82%. O acumulado em 12 meses já é de 13,44%, maior taxa desde outubro de 2003, quando era de 17,34%. Empresários ligados ao setor imobiliário têm repassado integralmente o índice aos aluguéis, visto que os contratos novos estão saindo mais caros do que a renovação dos antigos pelo IGP-M.
Para o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, o acumulado em 12 meses vai crescer ainda mais em julho, podendo passar a cair daí para frente. ;Como a taxa baixa de julho de 2007 (0,28%) será substituída por um resultado provavelmente maior, é natural que o indicador suba;, explicou. Os focos de instabilidade nos preços ainda estarão concentrados em especial nas matérias-primas cotadas no mercado internacional e nos alimentos.
Na avaliação de Gian Barbosa, a política do governo de combate à inflação não surtirá muito efeito neste ano. O aumento da taxa básica de juros (Selic), que em dois meses subiu de 11,25% para 12,25%, terá impacto maior em 2009. Não adiantaria nem o BC abandonar o gradualismo e puxar os juros mais fortemente, pois o desejado desaquecimento da atividade econômica só viria em 2009. Os analistas apostam em um IGP-M de 10,36% em 2008.
A FGV anunciou os resultados dos três números parciais que compõem o indicador geral. O Índice de Preços ao Atacado (IPA) subiu 2,27%, num avanço em relação aos 2,01% de maio. A maior pressão veio dos produtos agropecuários, que aumentaram 3,35%, e das matérias-primas brutas, com 3,11%. No ano, os dois grupos cresceram 8,35% e 11,08%, respectivamente. Em 12 meses, o resultado chega a assustar: 37,63% e 38,40%.
O preço da soja no atacado teve uma aceleração em relação à primeira prévia do índice, passando de 1,33% para 6,28%. ;Essa pode ser a próxima pressão forte na inflação agrícola. As enchentes nos Estados Unidos estão afetando mais os preços da soja do que do milho, por enquanto;, assegurou Barbosa. Em julho, os preços dos itens agrícolas continuarão em alta, tendendo a uma desaceleração só nos últimos meses do ano. ;O aquecimento da economia permite o repasse dos preços do atacado para o varejo, principalmente nas carnes, feijão e óleo de soja.;
O Índice de Preços ao Consumidor, que responde por 30% do IGP-M, subiu 0,89%, numa aceleração em comparação com o 0,68% de maio. O principal destaque foi mesmo o item alimentação, que subiu 2,20% no mês, 8,.43% no ano e 13,76% em 12 meses. Os produtos que mais subiram no mês foram arroz e feijão (11,16%), carnes bovinas (6,72%) e batata inglesa (12,98%).