postado em 29/06/2008 11:47
O aumento de renda que alavancou o consumo no país nos últimos anos teve impacto também na auto-estima do brasileiro. Com mais dinheiro no bolso, a população está gastando cada vez mais com produtos para higiene pessoal. No ano passado o volume subiu 22% em relação a 2006. Passou de US$ 18,2 bilhões (R$ 28,8 bilhões) para US$ 22,23 bilhões (R$ 35,5 bilhões).
A quantia levou o Brasil para a terceira posição entre os países que mais consomem cosméticos no mundo. De cada 100 produtos comprados no mundo, sete são levados para a casa de um brasileiro. Apenas os norte-americanos e os japoneses dispensam mais dinheiro com cuidados com a estética. Até mesmo o Reino Unido e a França ficaram para trás.
Neste ano a expectativa é manter o ritmo, segundo o presidente da Associação Nacional do Comércio de Artigos de Higiene Pessoal e Beleza (Anabel), Roberto Ordine. ;No primeiro trimestre as vendas aumentaram 20% em função da entrada das classes C e D no mercado comprador. Essas pessoas consumiam pouco e hoje já gastam em torno de 10% de suas rendas com cosméticos. Até o fim do ano o setor deve manter o ritmo de crescimento em torno de 20%, o aumento da inflação não deve ter impacto, pelo menos não no curto prazo;, afirma.
Exigência
Nem os rumores de aumento da inflação, nem as reclamações do marido fazem a representante comercial Mildrid Carvalho de Sousa, de 31 anos, economizar. Por mês, ela gasta cerca de 10% de seu salário com cremes e maquiagem. Eles estão por toda parte na casa em que mora com o marido e três filhos em Ceilândia. Por ano, os gastos passam de R$ 1,8 mil. ;Desde quando comecei a trabahar eu sempre gastei muito com cosméticos. Passo filtro solar até dentro de casa. Acho que os preços são elevados, mas a qualidade está cada vez melhor e eu não consigo deixar de comprar, apesar do meu marido sempre brigar porque ele acha que eu exagero.;
O aumento do consumo puxou as vendas internas e as importações. A indústria local faturou 12% a mais que em 2006. O lucro das empresas no ano passado foi quatro vezes maior que o de 1996, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (Abihpec). As importações também mantêm ritmo acelerado. Em 2007, chegaram a US$ 373 milhões, um incremento de 26,8% em relação a 2006 e de 145,3% no acumulado desde 2003.
O crescimento do mercado interno colocou o Brasil em primeiro lugar na lista de consumidores da linha Seda, da multinacional Unilever. ;É um mercado muito dinâmico em que a consumidora está sempre atrás de inovações;, afirma Fabrizio Haas, gerente de marketing da Seda. Com 25,7% do volume de vendas ; segundo a consultoria Nielsen ;, a marca tem como foco a mulher acima de 20 anos. Tudo que é consumido pelas brasileiras é produzido nas indústrias nacionais que ainda exportam para 18 países. Segundo Haas, as mulheres buscam produtos específicos para cada tipo de cabelo. Não é à toa que, de tempos em tempos, surge uma novidade.
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