postado em 30/06/2008 17:20
Mais consumidores passaram a integrar a classe C em 2007, segundo pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (Abep) e da Nielsen. O número de integrantes passou de 37% em 2006 para 44% em 2007. Nos últimos dois anos, foram mais de 22,5 milhões de brasileiros neste estrato social, o maior atualmente. Com isso, cresce o acesso a cartões de crédito, bens e serviços.
"Falar da importância crescente desta classe sócio-econômica não é novo. A novidade é admitir, acompanhar e agir nas diferentes aspirações, desejos e valores que permeiam esta nova classe C", afirmou João Carlos Lazzarini, diretor de Retail Services da Nielsen Brasil. Para ele, é preciso considerar não apenas a renda mensal dos dois grupos que pertencem à classe c (C1 e C2), mas também os diferentes estilos de vida.
A classe C tem participação de 46% no total gasto pelos consumidores e tiquete médio 6% maior. A consultoria usa os valores padrões para definir a subdivisão em C1 (referencial de renda média de R$ 1.194) e C2 (R$ 726).
Segundo o estudo, 87% dos pesquisados usam o dinheiro disponível para pagar dívidas, 60% compram aparelhos eletrônicos, carros e celulares, 54% poupam, 50% compram produtos não usuais, 37% trocam as marcas por outras mais caras e 33% compram viagens, assinaturas de TV e acesso à internet.
No geral, a classe C tem como objetivo futuro a aquisição de bens de maior valor como imóveis e carros, que aparecem entre as prioridades após poupar e quitar dívidas. Entre os bens de consumo, destacam-se: móveis e artigos de decoração, produtos de higiene não usuais, aparelhos eletrônicos, alimentos não usuais, produtos de limpeza não usuais e computador.
Segundo a pesquisa da Nielsen, 96% dos lares desta classe não têm empregada e 43% das mulheres são donas-de-casa.
Ainda de acordo com a pesquisa, entre os estilos de vida presentes estão os consumidores conscientes (C1 = 41% e C2 = 36%) e os batalhadores (C1 = 23% e C2 = 31%).
Os conscientes aproveitam as semanas de promoção, se importam com a variedade de produtos e marcas, gostam de comprar tudo de uma vez, escolhem marcas pela relação qualidade/preço, compram aos fins de semana com a família, a cada 15 dias, e procuram por ofertas nos anúncios das lojas que freqüentam.
Entre os batalhadores, normalmente, as mulheres fazem as compras sozinhas, em lojas próximas de casa. Costumam percorrer os pontos de venda em busca de promoções, acham importante a simpatia dos funcionários, escolhem as marcas por preço e promoção, e pagam em dinheiro. Acessam a maioria das categorias, entretanto o gasto ainda é inferior à média em muitas delas, como chás, sucos e bebidas à base de soja. O acesso a produtos e serviços se diferencia consideravelmente entre as classes C1 e C2. As maiores diferenças estão em internet (21% versus 6%), computador (33% versus 13%), microondas (38% versus 19%) e automóvel (60% versus 20%).
Consumo e serviços
Com o aumento de consumidores na classe, o acesso a bens e serviços também aumentou. Em 2006, 15% da população brasileira possuía computador e, em 2007, esse percentual passou para 23%. Também cresceram geladeiras duplex (de 34% para 36%), internet paga (4% para 6%), microondas (25% para 28%) e TV por assinatura (4% para 6%), entre outros bens e serviços.
Em outra comparação, enquanto a participação de cartões de crédito nos consumidores em geral subiu de 46,1%, em 2006, para 53,5%, em 2007. na classe C, isoladamente, os percentuais foram de 51% para 57,8%. Esse ganho de 6,8 pontos corresponde a 2 milhões de lares, aproximadamente.
Em 2007, o consumidor fez compras a cada quatro dias, enquanto em 2006 ia a cada seis dias. No ano passado, ele comprou em seis tipos de varejo um a mais em relação a 2006. O gasto médio por compra foi de R$ 36,40, o que representa um crescimento de 9%.