postado em 30/06/2008 19:25
Apesar de admitir que a inflação poderá ficar acima do centro da meta de 4,5% nos próximos dois anos, o governo acredita que a alta de preços irá se estabilizar até 2010.
A afirmação foi feita nesta segunda-feira (30/06) pelo secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, que anunciou a meta de inflação para 2010, que também será de 4,5%.
"Ao fixar o centro da meta em 4,5% para 2010, o governo sinaliza de forma clara que pretende que a inflação convirja para o centro da meta no máximo até 2010", afirmou. "A definição do ritmo de convergência em períodos inferiores a esse é definida pela gestão do Banco Central", completou.
No Relatório de Inflação divulgado na semana passada pelo BC, o governo já prevê uma inflação de 6% para 2008 e 4,7% para 2009. Admite, no entanto, que há 25% de chances de que a inflação fique acima de 6,5%. Para 2010, a previsão vai apenas até o meio do ano: uma inflação de 4,9% acumulada nos 12 meses terminados em junho daquele ano.
Bem sucedido
A meta de inflação para 2010 foi fixada nesta segunda-feira pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), órgão máximo do sistema financeiro nacional.
Fazem parte do CMN o ministro da Fazenda, o ministro do Planejamento e Orçamento e o presidente do Banco Central. Eles é que decidem qual será a meta de inflação que servirá de referência para que o BC possa definir a política de juros do país.
O valor de 4,5% é o mesmo que vem sendo utilizado pelo governo desde 2005. Uma meta mais apertada significaria uma necessidade de o BC ter de aumentar mais os juros para segurar a inflação.
"O que se avaliou nessa reunião de hoje, é que o desenho atual da política tem sido bastante bem sucedido, inclusive permitindo absorver choques relevantes de preços internacionais, como os que nós estamos vivendo hoje", disse Appy.
Teto da meta
O CMN também definiu que será mantida a tolerância de dois pontos percentuais para baixo e para cima. Dessa forma, os 4,5% serão o "centro da meta", e o valor de 6,5% será considerado o "teto da meta".
Sempre que a inflação ficar acima desse valor, o presidente do BC é obrigado a escrever uma carta explicando o porquê da meta não ter sido cumprida. Isso já aconteceu em 2002, 2003 e 2004.
O número de 4,5% se refere à inflação ao consumidor medida pelo IPCA, indicador calculado mensalmente pelo IBGE.
Apesar de a meta ter sido definida apenas hoje, o governo já vem trabalhando com o número de 4,5% em vários documentos, como nas metas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), por exemplo.