postado em 01/07/2008 09:17
Com a decisão já tomada de antecipar o cronograma de construção da hidrelétrica binacional de Garabi, na fronteira do Brasil com a Argentina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá cobrar nesta terça-feira (1º/07) de Cristina Kirchner a regularização dos embarques de trigo ao país. Em paralelo à 35ª Reunião de Cúpula do Mercosul, na manhã de hoje, em San Miguel de Tucumán, na Argentina, Lula e a presidente do país vizinho tentarão também limar outras diferenças que têm desgastado a relação bilateral.
O brasileiro vai cobrar as razões de um ;papelão; da Argentina na Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC) - a contestação pública da posição do Brasil sobre a abertura de mercados industriais, que favoreceria uniões aduaneiras como o Mercosul.
A hidrelétrica binacional, somada aos investimentos produtivos brasileiros na Argentina nos últimos anos, tornou-se uma espécie de escudo do governo Lula contra medidas protecionistas de Buenos Aires. Na semana passada, em uma reunião de monitoramento das obras prometidas pelo Brasil à vizinhança sul-americana, o próprio presidente Lula ordenou que as obras de Garabi fossem antecipadas. Projeto dos anos 80, a usina binacional no Rio Uruguai implicaria investimento de US$ 1,5 bilhão a US$ 1,7 bilhão e elevaria em 9% o total de energia disponível na Argentina. Seria, portanto, um alívio a um país que padece de escassez de energia desde 2004.
Com essa carta na manga, Lula espera, pelo menos, afrouxar as restrições impostas pelo governo Kirchner às exportações de trigo ao mercado brasileiro. Desde dezembro, a Argentina autorizou o embarque de apenas 2 milhões de toneladas ao Brasil. Desse volume, 1 milhão de toneladas estão sujeitas a controles do governo, que libera as vendas a conta-gotas.