Economia

Petróleo fecha com novo preço recorde após voltar aos US$ 143

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postado em 01/07/2008 16:16
O preço do petróleo fechou em novo preço recorde nesta terça-feira (1°/07), tendo voltado ao território dos US$ 143 - mas sem superar a marca recorde atingida ontem (US$ 143). A preocupação com a oferta mundial do produto, a desvalorização do dólar que pressiona a demanda e a tensão entre Israel e Irã continuam a afetar as cotações da commodity. O barril do petróleo cru para entrega em agosto, negociado na Bolsa Mercantil de Nova York, (Nymex, na sigla em inglês), encerrou o dia cotado a US$ 140,97, em alta de 0,69% - superando o recorde anterior de fechamento, US$ 140,21. O preço máximo atingido pelo barril hoje foi de US$ 143,33 e o mínimo, de US$ 139,95. O rei da Arábia Saudita, Abdullah bin Abdul Aziz, disse em entrevista publicada hoje pelo jornal kuaitiano "Arab Times" que um aumento da produção de petróleo da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não diminuirá os preços nos mercados internacionais e insistiu em que "isso depende de outros fatores". "Enganam-se aqueles que acham que, assim que aumentar a produção, os preços diminuirão, já que há indícios de que os preços continuarão altos", disse o monarca. A Arábia Saudita é o maior produtor de petróleo do mundo. O rei defendeu a atuação da Opep e disse que o cartel não controla os preços, mas estes "dependem da oferta e da demanda", e afirmou que "o preço pode diminuir se houver outras fontes de energia alternativa". O secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson, disse hoje em Berlim que "não há uma solução óbvia de curto prazo" para a disparada dos preços do petróleo. "Não há dúvida de que em nossos países e no mundo inteiro estamos sentindo o fardo dos preços altos do petróleo e dos alimentos", disse Paulson, após encontro com o ministro alemão da Economia, Michael Glos. Nos EUA, o preço médio do galão (3,785 litros) chegou a US$ 4,087 (US$ 1,07 por litro), segundo a AAA (Associação Americana do Automóvel, na sigla em inglês). Hoje a Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês) revisou para baixo as previsões de demanda mundial de petróleo nos próximos cinco anos, que os preços do barril são justificados pelos "fundamentos do mercado" e rebateu os argumentos que tentam explicá-los por movimentos especulativos. Ontem, no entanto, o secretário geral da organização, Abdalla Salem el Badri, disse que uma alta dos juros do Federal Reserve (Fed, o BC americano) poderia fazer com que os especuladores abandonassem o mercado petrolífero. "As pessoas irão investir em outra coisa" se o Fed elevar sua taxa, disse El Badri. "Tenho certeza de que o preço irá cair", afirmou. Segundo ele, o dólar fraco é o fator que está por trás dos sucessivos recordes do petróleo nos últimos meses. O dólar poderia recuperar terreno diante do euro caso a taxa de juros do Fed fosse elevada (no último dia 25, o banco manteve a taxa em 2% ao ano). Em setembro do ano passado, quando o Fed reduziu sua taxa de juros em 0,5 ponto percentual, para 4,75% (a primeira redução de juros desde 2003), o barril estava no patamar de US$ 81. O risco de mais desvalorizações do dólar também preocupa os investidores. O BCE (Banco Central Europeu), que se reúne nesta semana, deve elevar sua taxa de juros, dos atuais 4% para 4,25%, depois que a inflação na zona do euro chegou a 4%. Um aumento de juros na Europa, combinado aos baixos juros nos EUA, podem fazer a moeda americana perder mais terreno diante da européia. Irã Os investidores ainda lidam com a situação tensa entre Irã e Israel. O episódio mais recente de tensão entre os dois países foi a declaração do ex-presidente iraniano Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, dada no domingo à rede de TV "Al Jazira". Ele disse que descarta um ataque de Israel às instalações nucleares do Irã, mas alertou que o país se arrependerá se decidir lançar um ataque contra seu país. No mês passado, o diário americano "The New York Times" publicou uma reportagem em que diz que autoridades norte-americanas informaram sobre um amplo exercício militar realizado por Israel, que pareceu ser o ensaio para um possível ataque a bomba contra as instalações nucleares do Irã. Em um outro episódio, o ministro dos Transportes israelense, Shaul Mofaz, afirmou a um jornal local que um ataque ao Irã parecia "inevitável" dado o aparente fracasso das sanções da ONU para impedir o acesso iraniano à tecnologia para a fabricação de bombas. O governo iraniano respondeu dizendo que o governo de Israel é "perigoso" e perturba a segurança e a paz mundial. O temor no mercado é de que uma eventual retaliação na forma de suspensão das exportações da commodity faça o o preço do barril no mercado mundial disparar. Previsões. Previsões de que o preço possa disparar não faltam: Khelil disse que o barril pode chegar a US$ 170 nos próximos meses. Em maio, o banco norte-americano de investimentos Goldman Sachs havia estimado que o barril de petróleo atingiria a marca de US$ 141 no segundo semestre (à época da previsão, o preço do barril estava em US$ 127) - o mesmo banco havia informado pouco antes que o barril chegaria a US$ 200 dentro dos próximos dois anos. O próprio Khelil já havia previsto em abril que o petróleo chegaria a US$ 200, pressionado pelo dólar em queda - à época desta previsão o barril estava no patamar de US$ 118.

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