postado em 15/07/2008 15:40
O preço do petróleo registra forte queda nesta terça-feira (15/07), tendo chegado ao valor mínimo de US$ 135,92, depois de chegar a ser negociado hoje a US$ 146,73. O preço da commodity despencou devido à preocupação dos investidores sobre a economia americana - com a economia dos EUA fraca, a tendência é de queda na demanda do produto.
Às 13h46 (em Brasília), o barril do petróleo cru para entrega em agosto, negociado na Nymex (Bolsa Mercantil de Nova York, na sigla em inglês), estava cotado a US$ 138,05 - baixa de 4,91.
O recuo expressivo do preço, no entanto, não deve sinalizar uma tendência duradoura: a distância entre os preços máximos e mínimos tem sido ampla nas últimas semanas, de US$ 5 a US$ 10, dependendo dos fatores presentes a cada dia.
A situação econômica dos EUA vem se complicando diante da incerteza sobre o futuro das duas maiores empresas do setor hipotecário americano, a Fannie Mae e a Freddie Mac. O Federal Reserve (Fed, o BC americano) e o Departamento do Tesouro disseram neste domingo que irão conceder a ambas fundos e créditos se necessário. Mesmo assim, há o temor de que nem a ajuda será suficiente para evitar perdas expressivas.
As duas empresas têm cerca de US$ 5 trilhões em débitos assegurados. Se as duas empresas ficarem impedidas de obter novos empréstimos - devido ao temor de que caiam em "default" (inadimplência) -, ficariam impedidas também de adquirir hipotecas de outras companhias do setor. Desse modo, ficaria ainda mais difícil para futuros compradores de imóveis residenciais obter financiamentos, levando a uma paralisia ainda mais grave do mercado imobiliário americano.
O presidente do Fed, Ben Bernanke, disse hoje ao Congresso que a economia dos EUA está diante de "inúmeras dificuldades", incluindo pressões persistentes sobre os mercados financeiros, o crescimento do desemprego e os problemas no mercado imobiliário apesar dos cortes de juros efetuados entre setembro do ano passado e abril deste ano.
Segundo Bernanke, os riscos para a economia estão na turbulência financeira, a queda dos preços dos imóveis, um mercado de trabalho fraco e a alta dos preços da energia e dos alimentos. Bernanke disse que a economia deve crescer "a um ritmo bastante menor que sua taxa normal". O mercado imobiliário deve permanecer fraco e os gastos dos consumidores devem ter uma diminuição. Nos próximos dois anos, a economia deve melhorar "gradualmente" devido a uma lenta recuperação do mercado imobiliário e a uma melhora gradual nas condições de crédito - mas lembrou da "considerável incerteza" sobre esse cenário.
Desvalorização do dólar e fornecimento de petróleo
Outro fator que afeta os preços da commodity é a desvalorização do dólar diante do euro, que atingiu hoje um novo recorde, chegando a ser negociado a US$ 1,6038. O recorde anterior do euro era de US$ 1,6019, alcançado no dia 22 de abril. Em Frankfurt a moeda encerrou o dia cotada a US$ 1,5930. O Banco Central Europeu (BCE) fixou o câmbio oficial do euro em US$ 1,5990.
Também causam preocupação os riscos ao fornecimento mundial, devido à tensão entre Israel e Irã sobre o programa nuclear iraniano, os ataques de grupos armados contra instalações petrolíferas na Nigéria e a greve da Petrobras no Brasil.
A Petrobras informou hoje - segundo dia de greve dos funcionários que atuam nas plataformas na Bacia de Campos - que a produção de petróleo foi "totalmente normalizada". Ontem, equipes de contingência da estatal assumiram os postos de trabalho com movimento grevista. Segundo a estatal, das 38 unidades instaladas na bacia de Campos, duas chegaram a ficar com a produção interrompida.
Ontem, o Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense (Sindipetro-NF) orientou seus trabalhadores a dar espaço às equipes de contingência e solicitar desembarque imediato. Apesar disso, o sindicato alegou que a Petrobras estaria impedindo que alguns funcionários deixem o local.
Os grevistas querem que a Petrobras passe a considerar o dia de retorno das plataformas como uma das datas de trabalho. A escala dos petroleiros prevê 14 dias embarcado na unidade de produção, e outros 21 em casa.