postado em 15/07/2008 21:31
O fabricante de automóveis americano General Motors intensificou seus esforços de reestruturação, nesta terça-feira (15/07), em uma tentativa para sobreviver à crise do mercado nos EUA, ao mesmo tempo em que advertiu sobre perdas "significativas" no segundo trimestre.
O presidente executivo do grupo, Rick Wagoner, propôs medidas destinadas a obter US$ 15 bilhões em liquidez para 2009, dos quais US$ 10 bilhões por meio de cortes de gastos e o restante, em venda de ativos e captação de fundos no mercado.
A GM baseia suas projeções em um barril de petróleo com preço oscilando entre US$ 130 e US$ 150 e em uma fatia do mercado americano de até 14 milhões de veículos, contra 16,1 milhões de unidades de 2007.
Os mercados financeiros mostram um crescente ceticismo sobre a capacidade do grupo para sobreviver em longo prazo. Ainda assim, a GM se declara "confiante" em sua capacidade de obter os recursos de financiamento necessários para 2009, repetindo dispor (no final de março) de US$ 23,9 bilhões de dólares em liquidez e de uma linha de crédito de US$ 7 bilhões.
Os analistas estimam que a GM precisará de 3 bilhões de dólares por trimestre, mas que, apenas no segundo trimestre, utilizou 5 bilhões para cobrir o custo de sua reestruturação e um desempenho comercial negativo.
A fatia do mercado americano detida pela GM caiu para 21,3%, na primeira metade do ano, segundo o gabinete Autodata, apesar de um maior número de modelos compactos e mais econômicos no uso de combustível em sua faixa.
As medidas de hoje, junto com as anunciadas no início de junho (fechamento de quatro fábricas dedicadas aos grandes modelos, aumento da produção de modelos bem-sucedidos), implicarão "uma perda significativa no segundo trimestre", advertiu Wagoner, sem dar cifras.
Nos três últimos exercícios, a GM acumulou US$ 51 bilhões em perdas. No primeiro trimestre, perdeu outros 3,2 bilhões de dólares.
Entre os cortes de gastos, está incluída a redução de 20% nos salários, principalmente por meio da supressão de postos administrativos, que chegavam a 32 mil no ano passado.
"Não posso dar números de demissões hoje", disse o diretor operacional Fritz Henderson.
A GM retomará a fórmula de demissões voluntárias, que lhe permitiu reduzir seu efetivo de 105 mil funcionários, em 2005, para 74 mil, no primeiro trimestre de 2008. Também suspenderá o pagamento de dividendos, suprimirá o bônus pago à diretoria e reduzirá seus investimentos em 1,5 bilhão de dólares, prevendo obter entre 2 bilhões e 4 bilhões, com a venda de ativos, e de 2 bilhões a 3 bilhões adicionais, por intermédio da captação de capitais no mercado.
O grupo duplicou, para 300 mil unidades, seu objetivo de redução da capacidade de produção de veículos grandes, do tipo 4x4, ou pickup, atualmente evitados pelos consumidores por seu alto consumo de combustível. Em paralelo, a GM vai acelerar a saída dos modelos compactos e econômicos em combustível: 18 de seus 19 próximos lançamentos serão desse tipo.
"É muito pouco, ou muito tarde?", questionavam analistas do Deutsche Bank, em uma nota, destacando que "não está claro se isso será suficiente para restabelecer a rentabilidade do grupo".