Economia

FMI revisa para cima PIB do Brasil, mas prevê desaceleração global

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postado em 17/07/2008 12:24
A economia global deve desacelerar de modo significativo no segundo semestre deste ano ao mesmo tempo em que a inflação deve registrar uma alta expressiva neste ano em relação ao ano passado tanto nos países emergentes quanto nos países ricos, segundo a revisão, divulgada nesta quinta-feira (17/07), do relatório "World Economic Outlook" ("Perspectiva Econômica Global") do FMI (Fundo Monetário Internacional), publicado em abril. Segundo o documento, indicadores recentes sugerem "mais uma desaceleração da atividade [econômica] no segundo semestre de 2008". "Nos países desenvolvidos, a confiança dos consumidores e dos empresários continuou a diminuir, enquanto a produção industrial se enfraqueceu ainda mais.". Para 2008, a expectativa de crescimento global cresceu 0,4 ponto percentual (p.p.), para 4,1%; mesmo assim, o desempenho é bem mais fraco que o de 2007, quando a expansão foi de 5%. Para 2009, o índice também foi revisto para cima em 0,1 p.p., para 3,9%. O Fundo destacou ainda que há sinais de enfraquecimento na atividade econômica em países emergentes, mas, para o Brasil, a projeção de crescimento agora é de 4,9% neste ano, contra uma estimativa de 4,8% no documento divulgado em abril (o relatório não explica quais fatores influenciaram na revisão para cima da expectativa de desempenho da economia brasileira). No boletim Focus, o Banco Central mantém previsão de crescimento de 4,8%. Já para 2009, a expectativa de crescimento do Brasil voltou para 4%, mesma divulgada em janeiro - em abril, o Fundo havia reduzido a expectativa para uma expansão de 3,7%. A comparação entre o quarto trimestre do ano passado e a projeção para o mesmo período deste ano destaca ainda mais o desaquecimento econômico, diz o FMI: de 4,8%, o crescimento deve desacelerar para 3%. No quarto trimestre de 2009, a expansão econômica deverá ser de 4,3%. EUA A economia dos EUA deve ter expansão de 1,3% neste ano. Mesmo com a expressiva revisão de 0,8 p.p. para cima em relação ao previsto em abril, a economia crescerá 0,9 p.p. a menos que em 2007, quando o crescimento foi de 2,2%. Segundo o FMI, a revisão reflete indicadores divulgados depois do relatório de abril - como o crescimento de 1% no primeiro trimestre deste ano, contra estimativas iniciais do Departamento do Trabalho dos EUA de 0,6% e 0,9%. "Mesmo assim, a economia deve registrar uma contração moderada no segundo semestre deste ano, com a queda no consumo provocada pela alta do petróleo e dos alimentos e as condições mais restritas de crédito, antes de começar a se recuperar gradualmente em 2009", diz o texto. Bric Entre os Bric, Brasil e Índia tiveram as menores revisões para cima em suas projeções de crescimento (a da Índia também foi de 0,1 p.p.). A economia indiana, no entanto, deve crescer 8% neste ano e no próximo, segundo o FMI. A China deve crescer 9,7% neste ano (0,4 p.p. acima do previsto em abril), depois de expansões de 11,6% em 2006 e 11,9% em 2007. Para 2009, o crescimento deverá ser de 9,8% - 0,3 p.p. acima da estimativa anterior. A Rússia teve a maior revisão em suas expectativas de crescimento: 0,9 p.p., para 7,7% neste ano, e de 1 p.p., para 7,3% em 2009. Inflação Os preços dos alimentos e da energia são a força propulsora da inflação tanto nos países ricos como nos emergentes, diz o relatório do FMI. A preocupação com o fornecimento global de petróleo elevou o preço da commodity a patamares recorde nos últimos meses (a marca recorde mais recente é de US$ 147,27, atingida na semana passada); no caso dos alimentos, a alta da demanda mundial e as condições climáticas desfavoráveis foram o que afetaram os preços. Para os países desenvolvidos, a expectativa de inflação para este ano é de 3,4%, um aumento de 0,8 p.p. em relação à projeção de abril. Em 2007, a inflação nesses países foi de 2,2%, segundo o documento. Para os países emergentes, a expectativa de inflação em 2008 subiu 1,7 p.p., para 9,1% --contra 6,4% no ano passado. Para o próximo ano, a previsão foi revisada para cima em 1,8 p.p., para 7,4%. Nos países desenvolvidos, as pressões inflacionárias podem ceder um pouco devido a uma desaceleração da demanda. Já nas economias em desenvolvimento, a inflação vem subindo rapidamente, devido aos preços das commodities, ao crescimento econômico e às políticas macroeconômicas. Para lidar com esse cenário, a prioridade para os responsáveis pelas políticas econômicas dos diversos países deverá ser equilibrar as medidas para conter as pressões da inflação com os riscos dessas medidas virem a afetar o crescimento, diz o FMI. "Em muitas economias emergentes, uma política monetária mais restrita e mais disciplina fiscal serão necessárias, combinadas em alguns casos com uma gestão mais flexível do câmbio."

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