postado em 17/07/2008 17:58
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) praticamente ignorou o bom desempenho das bolsas americanas e fechou em forte baixa nesta quinta-feira (17/07). O movimento de correção de preço das ações da Vale do Rio Doce e o possível alastramento da greve na Petrobras fizeram com que os papéis das duas empresas - as mais negociadas no mercado brasileiro - despencassem. O que, em seguida, influenciou negativamente outras ações, em especial as de siderurgia.
O Ibovespa, principal indicador da bolsa paulista, recuou 3,14%, aos 60.108 pontos. O giro financeiro foi muito superior à média diária desse ano (R$ 6 bilhões): bateu R$ 8,3 bilhões, com cerca de 290 mil negócios realizados.
O dólar comercial, por sua vez, virou de sinal no final das negociações e fechou com alta de 0,18%, vendido a R$ 1,599.
O mercado seguiu hoje o movimento de correção no preço da ação da Vale, já iniciado no dia anterior. O valor da ação estabelecido na oferta pública que a empresa está promovendo ficou abaixo do negociado na Bolsa. Com isso, os papéis ordinários e preferenciais classe A da Vale recuaram, respectivamente, 5,4% e 5,39%.
Essa correção também chegou em Wall Street. A American Depositary Receipt (ADR) da ação ordinária da mineradora foi o nono papel mais negociado na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse, na sigla em inglês), com recuo de 5,78%. A ADR da ação preferencial recuou 5,5%.
Porém, os papéis da mineradora devem parar de cair, já que no fechamento o preço deles ficaram bem mais próximos dos fixados na oferta de ações.
A movimentação foi tão forte que as preferenciais da mineradora responderam por 27% do negociação total do mercado à vista da Bovespa, batendo com folga as preferenciais da Petrobras - a dona tradicional do posto de ação mais negociada.
As ações da petrolífera, inclusive, também apresentaram perdas. O mercado teme que a greve de seus funcionários continue por mais tempo e afete o ritmo de produção --o que a companhia nega. Além disso, o preço do petróleo voltou a cair hoje. As ações preferenciais perderam 4,22% e as ordinárias recuaram 4,95%.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o barril de WTI para entrega em agosto perdeu 3,94%, para US$ 129,29.
Blue chips
Na toada das "blue chips" (ações mais negociadas), outros setores também apresentaram perdas. Foi o caso, por exemplo, das siderúrgicas. As ações de Gerdau, CSN e Usiminas recuaram entre 3% e 6%.
Na outra ponta, os bancos e companhias aéreas subiram de novo, como já tinha ocorrido ontem. As ações preferenciais da TAM e da Gol subiram, respectivamente, 1,86% e 1,35%, beneficiados pela queda do preço do petróleo. Já os bancos, beneficiados pelo cenário de alta de juros e pelo acordo operacional firmado entre o Itaú e o banco japonês Daiwa, tiveram ganhos entre 0,1% e 1,1%.
EUA
O desempenho só não foi pior porque o mercado americano se manteve otimista durante todo o pregão de hoje. O Dow Jones avançou 1,85%, enquanto que o Nasdaq Composite subiu 1,2%.
Assim como nos últimos dias, os resultados corporativos foram o principal foco de análise dos investidores --em especial a dos bancos, de onde pode-se tirar mais conclusões sobre o avanço da crise do crédito imobiliário de alto risco ("subprime").
Devido a esse interesse, o resultado trimestral do JPMorgan foi fator determinante para o bom humor. O terceiro maior banco americano teve lucro de US$ 2 bilhões, com queda de 53%. Porém, o lucro por ação, de US$ 0,54, ficou acima do esperado pelos analistas (US$ 0,44).
Para ajudar no otimismo do investidor americano, o Departamento de Comércio informou que a construção de casas e apartamentos subiu 9,1% em junho, enquanto que os analistas do setor esperavam recuo de 1,5%.
Porém, amanhã o "céu de brigadeiro" dos últimos dois dias em Wall Street pode acabar, já que o Citigroup, o maior banco americano, divulga seus resultados trimestrais. "É a cereja do bolo nesta semana", comentou Jason Vieira, economista-chefe da consultoria UpTrend.
Um resultado ruim do banco, ainda mais se vier acompanhado de uma admissão muito grande de perdas relacionadas ao crédito "subprime", será capaz de inverter os ganhos do setor bancário dos últimos dias --o que levaria Wall Street junto.